Tinha visto e ouvido comboios desde a minha primeira
infância, e vê-los e ouvi-los sempre me fez sentir mais seguro. Os grandes vagões,
os comboios de minério de ferro, os de carga, os de passageiros, as carruagens Pullman. Na minha cidade natal era impossível
ir a qualquer sítio sem pelo menos esperar, uma vez que fosse, nas passagens de
nível, que os compridos comboios passassem. Os carris cruzavam as estradas
rurais e corriam também ao lado delas. O som dos comboios ao longe fazia-me
sentir mais ou menos em casa, como se nada faltasse, como se estivesse num
local seguro, nunca em verdadeiro perigo, e onde tudo se encaixava.
Bob Dylan em Crónicas
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