Podemos não concordar
com o que pensa José Pacheco Pereira, mas uma coisa não podemos escamotear: a
sua frontalidade
Referente a José
Sócrates já escreveu:
De há muito me apercebi que havia algo de muito
errado na sua actuação pública, mesmo naquela que não era susceptível de
constituir crime. Desde a história das marquises, passando pelas histórias das
ETAR, do Freeport, do currículo académico, das rasuras na ficha biográfica de
deputado, do contrato com Figo e muito mais, era-me factualmente evidente que
este homem era capaz de tudo, embora eu não soubesse da dimensão do tudo. Como
já referi, a ficha biográfica de deputado rasurada em fotocópia foi para mim a
epifania, porque eu sabia bem como as coisas funcionavam na Assembleia e tudo
aquilo era tão completamente implausível que tinha de haver, numa expressão
plebeia, marosca.
Hoje, soube-se
pelo Diário de Notícias que o processo da «Operação Marquês» vai ter
mais «pessoas distintas»:
É a primeira certidão extraída do processo Operação
Marquês: os últimos dados bancários enviados pela Suíça para o Ministério
Público revelaram novas suspeitas sobre banqueiros e recebimentos de comissões
ilegais. No despacho que ordenou a retirada dos elementos do processo para uma
investigação autónoma, o procurador Rosário Teixeira não identifica os
suspeitos, dizendo apenas serem "pessoas distintas" das já
constituídas arguidas no processo e tratar-se de "cidadãos portugueses"
que "tinham responsabilidades em instituições financeiras e na concessão
de crédito".
Durante anos e
anos a fio fomos metralhados pelo brilhantismo dos nossos empresários e
banqueiros, o dizer que o sucesso das
empresas e bancos onde actuavam se devia às suas estrelares qualidades de
gestores.
Apenas eles.
Vamos agora sabendo
que, a maior parte, não passava de um gang de trapaceiros e corruptos.
Com o chegar de
mais gentalha, vai tomando vulto o mega processo «Operação Marquês».
Para além do
imenso peixe miúdo que por lá se passeia, já lá estão Ricardo Salgado, José
Sócrates, o Zava, o Granadeiro, o Vara.
Continuarão os
sucessivos adiamentos dos prazos que têm vindo a ser concedidos, até tudo
acabar na maior das impunidades.
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