Em Novembro de
1975, quando foi demitido da direcção do Diário de Notícias, o Partido
nem sequer o chamou para a constituição da equipa que iria fazer O Diário.
José Saramago
decidiu não procurar trabalho, dedicar-se a fazer traduções e lançar-se, a tempo
inteiro, a escrever livros, dizendo a si mesmo:
Chegou a hora de saber se és um escritor ou não.
O desemprego, a
não solidariedade dos camaradas do Partido, acabou por empurrar Saramago para
os grandes caminhos da literatura que, anos mais tarde, teria o seu ponto alto
com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura.
Refugiado no
Alentejo escreverá Levantado do Chão.
Nos finais de
Setembro, tem em acabamentos a peça de teatro, A Segunda Vida de São Francisco
de Assis, está embrenhado na investigação histórica para o Memorial do
Convento, já com o projecto de O Ano da Morte de Ricardo Reis na
contagem dos dias, aparece, na edição de 1 de Outubro de 1981 do semanário Extra,
aparece a desabafar:
Quem me dá uma esmolinha de tempo para acabar tudo
isto.
José Saramago, numa carta, datada de 14 de Maio de 1967, dirigida a José Rodrigues Miguéis, escreve:
Alguma vez hei-de fazer o que me dá gosto…
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