- Tens muito que
fazer?
- Não. Tenho muito
que amar.
Não entendo ser
professor de outra maneira. E não me venham dizer que isso assim cansa e mata;
morrer-se, sempre se morre: e à minha maneira tem-se a consolação de não ser em
vão que se morre de cansaço.
(…)
Aulas más são as
aulas que os rapazes não querem ouvir. Mas então – poderia eu defender-me – que
culpa temos nós de os rapazes serem barulhentos, desinquietos e desatentos? É
verdade que às vezes a culpa não é nossa: é toda deles, a quem mais apetecia estar
na rua que na escola. Mas para isso justamente é que serve o bom professor – e o
meu drama resulta de que a mim só me interessa ser bom professor. Se bom
professor consiste em adivinhar a maneira de levar todos os alunos a estarem
interessados; a não se lembrarem de que lá fora é melhor. E foi o que eu ontem
não consegui.
Sebastião da Gama em Diário
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