quinta-feira, 3 de agosto de 2017

NOTÍCIAS DO CIRCO


O Partido Comunista Português entregou na Assembleia da República um projecto de resolução que recomenda ao governo que inicie o processo de recuperação do controlo e gestão do serviço postal universal por parte do Estado, através da reversão da privatização dos CTT.

Segundo o projecto dos comunistas, mais do que uma empresa que garanta lucros e dividendos, «os Correios devem ser o garante de um serviço público efectivamente ao serviço do País e das populações, ao serviço da economia nacional e do desenvolvimento, com uma gestão que vise o equilíbrio económico-financeiro e o investimento na melhoria da qualidade».

Para o PCP, existiram na última década políticas que colocam em causa o serviço público postal, como a «redução de balcões», a «degradação do serviço», o «agravamento dos preços», praticadas por «sucessivas administrações, impostas pela política de direita» e que se associam à privatização e liberalização dos serviços postais, preconizada pela União Europeia, «com a cumplicidade activa dos sucessivos governos nacionais».

Os CTT foram totalmente privatizados pelo governo de direita do PSD e CDS em 2014.

Nicolau Santos escrevia no Expresso de 17 de Junho de 2017:

«O Governo PSD/CDS decidiu privatizar os CTT não porque dessem prejuízos (davam bons lucros) ou por causa do quadro europeu (em 2013, 80% dos correios na UE a 28 eram públicos) ou porque os privados fossem mais competentes (se a missão dos correios for entregar cartas e encomendas, não há nenhum privado que disponha de uma rede melhor). Ou seja, as razões para a venda dos CTT foram sobretudo ideológicas. Mais nada justifica um negócio tão estúpido para o Estado e para os utilizadores dos CTT. Com efeito, os primeiros prejudicados pela privatização têm sido os clientes tradicionais dos CTT, sobretudo as pessoas idosas que se deslocam aos seus balcões para receber pensões ou enviar/levantar encomendas. Desde 2015, quando a empresa foi privatizada, fecharam 133 estações de correios e 90 postos de correios, foi reduzido em 1018 o número de trabalhadores e deixou de haver distribuição diária de correio.
(…)
A ideia que dá é que os CTT estão a deixar de saber fazer o que sabiam e a meter-se por caminhos que não dominam. Por Outras palavras, tem tudo para correr mal. A não ser para o presidente dos CTT, que ao passar de gestor público em 2014 para gestor privado, passou a ganhar mais 110% (943.700 euros), aumentando exponencialmente a disparidade salarial entre o CEO e os trabalhadores de 21,8 vezes para 45,3, o segundo maior agravamento entre todas as cotadas naquele período. Ou seja, os utentes dos correios estão pior mas o presidente está melhor. Já é um sinal de sucesso desta excelente estratégia.»

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