Chegamos ao ponto das
Memórias de Rómulo de Carvalho em que
o autor se prontifica em apresentar António Gedeão aos tetranetos.
Contará todo o
percurso do poeta, como nasceu o pseudónimo, as peripécias do prefácio escrito
por Jorge de Sena para a Colecção Poetas de Hoje da Portugália, outras venturas e desventuras, mas as
primeiras palavras são sobre a morte de António Gedeão comunicada a Carlos Pinto
Coelho:
Já vos escrevi tantas páginas e ainda não vos falei daquela criatura
que muito estimei e que muito me ajudou a suportar os dissabores da existência.
Quero referir-me àquele meu íntimo amigo, já falecido, de nome António Gedeão.
É verdade que já me referi ao nome dele, aqui, nestes papéis, mas
acidentalmente, sem lhe prestar atenção de maior. Falarei dele agora, com algum
pormenor.
Há poucos dias esteve aqui em minha casa um homem da televisão, de nome
Pinto Coelho, acompanhado de outros dois, um deles encarregado de me fotografar
e outro de gravar as minhas falas. Dispuseram o material na sala do modo que
lhes pareceu melhor, instalaram-me num “maple! E o jornalista iniciou a
conversa perguntando-me pelo António Gedeão. Eu fiz um gesto triste com as
mãos, encolhi os ombros, e respondi-lhe: morreu. Morreu?! Sim, morreu. E
olhámo-nos em silêncio. Alguns dias depois lá veio a minha imagem na televisão
dizendo que ele tinha morrido.
Em Memórias
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