Agora estás sozinha à mesa do cobalto.
E como adolescente obstinada
comungas muros brancos
na secura da cal
sinistra nos teus olhos
– ó imaculada.
Os punhos nos ouvidos não são força
bastante para empurrar o som
até às nuvens, ó idolatrada.
Querias tanto à terra com seus gatos,
criaturas do sol no teu regaço azul
que nenhuma palavra te protege
da minha boca em fúria
– amada e destruída até aos ossos.
Às vezes quando no silêncio acordo
a perguntar por ti
e habitas o meu corpo,
que mais posso fazer do que arranhar na noite
a tua carne fria, ó desamparada?
Na folhagem do sangue eu afogo
a cabeça,
percorro com a língua a rede dos pulmões,
o meu eco atravessa toda a natureza
– porque não respondes?
E lentamente o teu olhar flutua.
Trazes na mão o peso
dos meus dias e ouço-te dizer:
a terra não resiste ao fogo do meu ventre,
ao ar que me respiras,
às águas surdas em que me bebeste.
E como adolescente obstinada
comungas muros brancos
na secura da cal
sinistra nos teus olhos
– ó imaculada.
Os punhos nos ouvidos não são força
bastante para empurrar o som
até às nuvens, ó idolatrada.
Querias tanto à terra com seus gatos,
criaturas do sol no teu regaço azul
que nenhuma palavra te protege
da minha boca em fúria
– amada e destruída até aos ossos.
Às vezes quando no silêncio acordo
a perguntar por ti
e habitas o meu corpo,
que mais posso fazer do que arranhar na noite
a tua carne fria, ó desamparada?
Na folhagem do sangue eu afogo
a cabeça,
percorro com a língua a rede dos pulmões,
o meu eco atravessa toda a natureza
– porque não respondes?
E lentamente o teu olhar flutua.
Trazes na mão o peso
dos meus dias e ouço-te dizer:
a terra não resiste ao fogo do meu ventre,
ao ar que me respiras,
às águas surdas em que me bebeste.
Armando Silva
Carvalho, 4º Poema de Folhas Traídas de Sentimento de um Acidental
em O Que Foi Passado a Limpo
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