sábado, 21 de abril de 2018

O QU'É QUE VAI NO PIOLHO?


Aqui era o Quarteto.

Agora, é um estaleiro de obras onde irá nascer um bloco de cimento destinado a escritórios.

Inaugurado a 21 de Novembro de 1975, o Quarteto foi o primeiro cinema em lisboa com várias salas – 4 salas 4 filmes - que com o passar dos anos deixaram de reunir  condições de segurança: falta de saídas de emergência, de extintores de incêndio e de acesso para deficientes.

Não havia dinheiro para obras e a 16 de Novembro de 2007, Pedro Bandeira Freire fechou as portas a cadeado e entregou as chaves ao Município.

Cinco meses depois, Pedro Bandeira Freire morria no Hospital Santa Maria.

Tinha 68 anos.



O autor do projecto de construção do Quarteto foi o Arqt.º Nuno San-Payo, seguindo a ideia de Pedro Bandeira Freire. O edifício era constituído por quatro pequenas salas, com lotação de 716 lugares, distribuídas pela cave e 1º andar, aos quais se acedia através de uma escadaria decorada com dezenas de cartazes, depois de se ter franqueado o átrio ao nível do rés-do-chão, onde se situavam as bilheteiras e o bar. A fachada deste cinema era constituída por uma pala para anúncios, feita em estrutura metálica e revestida em material acrílico, que se iluminava e expunha os cartazes dos filmes em exibição.

Em 2012 a imobiliária admitia negociar os 1,5 milhões de euros pelo que restava do imóvel de três pisos, mas ninguém se interessou pelo negócio.


A 27 de Fevereiro de 2014 o Público noticiava que a Igreja Plenitude de Cristo, a estranha predilecção das seitas religiosas pelas salas de cinema, iria ocupar aquele espaço.

As obras chegaram a ter início, mas não mais se soube da concretização do projecto e o espaço voltou ao abandono.

Agora será mesmo um bloco de escritórios.

Restam as memórias de quem frequentou aquelas quatro salas.



É certo que nos últimos tempos tinham piorado as condições de projecção dos filmes e amiúde se ouvia a acção do filme que corria na sala ao lado.

Mas era um cinema.

Lembrando ainda o Pedro Bandeira Freire: «Há filmes bons e maus; os bons são os melhores».

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