Na primeira leitura
que fiz das Poesias Completas de
António Gedeão, Pedra Filosofal ficou logo assinalado como um das muitas poesias suas da minha preferência.
Quando naquela
segunda-feira de Setembro de 1969, Manuel Freire cantou, no Programa ZIP-ZIP, a Pedra Filosofal, fiquei arrepiado.
António Gedeão, nas
suas Memórias, expressa a ideia que
foi Manuel Freire, musicando alguns dos seus poemas, permitiu que a sua poesia
conseguisse um êxito generalizado e nunca imaginado.
Mas peguemos em
algumas das passagens em que Gedeão aborda essa faceta da sua vida de poeta:
No ano de 1969 fui procurado pela Casa Valentim de Carvalho, importante
produtor de discos, que me queria convidar para gravar um disco com poemas
meus, ditos por mim. Em 28 de Março desse ano fui a Paço de Arcos aos
respectivos estúdios, e aí disse sete poemas, à minha escolha. Tem graça que os
disse todos de seguida sem ser necessária qualquer repetição. Conforme os disse
à primeira, assim ficaram gravados com a admiração de quem estava presente. Não
é costume ser assim. Devo dizer, na minha qualidade de ouvinte, que das dúzias
de poemas meus que tenho ouvido dizer por outrem, é a minha dicção a que me
agrada mais. Não há nisto nenhuma presunção. Isto quer dizer apenas que gosto
mais de me ouvir a mim do que aos outros, ne recitação dos meus poemas.
O disco vendeu-se bem e a casa Valentim de Carvalho resolveu efectuar a
gravação de um segundo disco, também dito por mim, de outros poemas. Em 21 de
Março de 1971 voltei a Paço de Arcos e aí gravei o novo disco. Depois esperei.
Esperei e a esperar terminou esse ano de 71. Entrámos em 72 até que no dia 10
de Março desse último ano, indo eu na rua, encontrei uma senhora conhecida que
me disse já ter comprado aquele meu novo disco e, é claro, ter gostado muito.
Ai, sim? Não sei de nada.
Fui então à Valemtim de carvalho a aí ao balcão disse à empregada que
atendia os fregueses que eu era fulano de tal, que tinha gravado, naquela
empresa, um disco meu e que não me tinham dado nenhum exemplar. Se ela não se
importasse que fosse lá dentro ver se estava lá algum superior da casa, e lhe
comunicasse o que se passava. A criatura foi lá dentro e tornou a aparecer com
o disco na mão. Entregou-me, e eu, muito boa tarde, saí do estabelecimento.
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