A que se deu por rosa, a que por flor
escondeu o nome de seu nome;
a que por Amadis e Galaor
matou a própria fome…
A que viveu em trevas e dizia
às flores, aos animais,
o lúcilo bom dia!
De quem sabe o navio, o porto, o cais…
A que, por Junho morno,
soube ofertar a carne sem pecado;
e, entre sonho e viagem sem retorno,
foi asa de avião despedaçado…
A que, de súbito, chorou
desenhando no ar o brando gesto inútil,
morreu esta manhã.
Em voo cego rasgou,
Contra a vidraça, a túnica inconsútil.
Daniel Filipe em Pátria, Lugar de Exílio
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