sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

O OUTRO LADO DAS ESTANTES


Chamo-lhe o Outro Lado das Estantes.

São livros que vieram da biblioteca do meu pai, também da do meu avô.

São livros, técnicos, outros que não sei como classificá-los.

Ficam aqui por mera curiosidade para memória futura.

Filhos, netos e bisnetos, outros descendentes, terão um dia que lidar com tudo isto. Não sei bem como e eu também não sei explicar.

Talvez seja um tempo em que já não haja livros ou espaço para os aconchegar.


Páginas de Arquivo

Da Cunha Dias

Edições Delta, Lisboa, Setembro de 1941

Elementos sobre Da Cunha Dia, retirados da Internet:

«Advogado, amigo de Fernando Pessoa, sofria de doença do foro psiquiátrico, encontrando-se por diversas vezes internado, quer no Telhal, quer no Hospital Psiquiátrico Conde de Ferreira (Porto). Daqui envia pelo menos duas curiosas cartas, em Setembro de 1916 onde se lamenta da sua «prisão». Em 1927, funda o jornal O Imparcial, dirigido por Carlos Selvagem. Autor de obras de intervenção socio-política - Sobre um decreto (1917), Um lance (1919) e O Desfalque do Tesouro (1925), Palavras aos Herejes (1934) - colabora na campanha anti-maçónica, protagonizada pelo jornal católico A Voz. Começa por enviar uma carta ao jornal, manifestando o seu apoio e aplauso ao director Fernando de Sousa, «Nemo», que no seu artigo «Manejos subterrâneos» sugere que se sigam em Portugal as lições de Mussolini que, «desde que assumiu o poder, não tardou em proceder energicamente contra as sociedades secretas e, especialmente, contra a Maçonaria».

De um artigo de José Barreto:

«Este artigo historia o relacionamento entre Fernando Pessoa e um dos seus amigos próximos, o advogado, jornalista e escritor Alberto da Cunha Dias, durante os últimos vinte e tantos anos de vida do poeta. Como astrólogo que também era, e não meramente como hobby, Pessoa em 1916 foi acusado de ser um “mago” ou “bruxo” por um jornal de Lisboa, na sequência de um caso que envolveu o seu amigo, considerado louco pelos seus familiares e internado num manicómio. A relação de amizade entre os dois manteve-se constante, apesar do recorrente desequilíbrio mental de Cunha Dias. Foi a conselho deste, que em 1934 se encontrava em tratamento num hospital psiquiátrico, que Pessoa declarou ter modificado o título do seu único livro de poesia publicado em português, Mensagem. A afeição do poeta pelo seu infeliz amigo, bem como pelo igualmente perturbado escritor esotérico Raul Leal, está aparentemente relacionada com a frequente alegação por Pessoa do seu próprio desequilíbrio mental e com as suas concepções sobre loucura e génio»

Da Cunha Dias explica as razões que o levaram a publicar o livrinho:

«Tinham-me falado num jornal inglês, que publicava os 6 pontos fundamentais do acordo anglo-americano, combinado na entrevista famosa, celebrada no alto-mar entre Churchill, actual primeiro ministro da Inglaterra, e Roosevelt, actual presidente da república dos Estados Unidos da América do Norte.»

Manual do Dourador e Decorador de Livros

Maria Brak-Lamy Barjona de Freitas

Livraria Sá da Costa, Lisboa, Junho de 1941

Do prefácio:

No «Manual do Encadernador», publicado em Maio de 1937, prometi que, a seguir, viria o Manual do Dourador de Decorador de Livros.»

O meu avô e o meu pai encadernaram alguns livros da Biblioteca da Casa.

Como conto aqui, a propósito da encadernação de A Fanga de Alves Redol, os trabalhos de encadernação do meu avô não correram muito bem.

Manual do Encadernador perdeu-se algures e apenas ficou este Manual do Dourador.

Ainda do prefácio de Maria Barjona de Freitas:

« Publicados estes dois manuais – o do encadernador e o que agora apresento . julgo ter prestado algum serviço ao meu país.»


Calendário

Cadernos do Povo,

Edições SNI, Lisboa s/d

«Livrinho para se saber prontamente o dia da semana desde o 1º ano da era Cristã até ao Ano 2000».

Uma questão que se coloca é como se destruíram exemplares do Panorama e «As Minhas Férias com Salazar» de Christine Garnier com fotografias do PIDE Rosa Casaco, e se manteve este «Calendário».

2 comentários:

Pablo Guimarães disse...

Olá! Muito bacana este blog sobre livros técnicos. Há muito estou à procura deste Manual do Dourador, mas não o consigo encontrar para comprar. Não seria possível compartilhar uma cópia deste manual?

Sammy, o paquete disse...

Boa tarde, Pablo.
O livro é muito antigo (1941) mas se entende que lhe pode ser útil, teremos todo o gosto em o oferecer. Teremos é que combinar como faremos a entrega. Iremos sair de Lisboa hoje e só voltaremos no final de Agosto.
Nessa altura diga-nos como procederemos.
Abraço