Chamo-lhe o Outro Lado das
Estantes.
São livros que vieram da
biblioteca do meu pai, também da do meu avô.
São livros, técnicos,
outros que não sei como classificá-los.
Ficam aqui por mera
curiosidade para memória futura.
Filhos, netos e bisnetos,
outros descendentes, terão um dia que lidar com tudo isto. Não sei bem como e
eu também não sei explicar.
Talvez seja um tempo em
que já não haja livros ou espaço para os aconchegar.
Páginas de Arquivo
Da Cunha Dias
Edições Delta, Lisboa, Setembro de 1941
Elementos sobre Da Cunha Dia, retirados da Internet:
«Advogado, amigo de Fernando Pessoa, sofria de doença
do foro psiquiátrico, encontrando-se por diversas vezes internado, quer no
Telhal, quer no Hospital Psiquiátrico Conde de Ferreira (Porto). Daqui envia
pelo menos duas curiosas cartas, em Setembro de 1916 onde se lamenta da sua
«prisão». Em 1927, funda o jornal O Imparcial, dirigido por Carlos
Selvagem. Autor de obras de intervenção socio-política - Sobre um
decreto (1917), Um lance (1919) e O Desfalque do
Tesouro (1925), Palavras aos Herejes (1934) - colabora na
campanha anti-maçónica, protagonizada pelo jornal católico A
Voz. Começa por enviar uma carta ao jornal, manifestando o seu apoio e
aplauso ao director Fernando de Sousa, «Nemo», que no seu artigo «Manejos
subterrâneos» sugere que se sigam em Portugal as lições de Mussolini que,
«desde que assumiu o poder, não tardou em proceder energicamente contra as
sociedades secretas e, especialmente, contra a Maçonaria».
De um artigo de José Barreto:
«Este artigo historia o relacionamento entre Fernando
Pessoa e um dos seus amigos próximos, o advogado, jornalista e escritor Alberto
da Cunha Dias, durante os últimos vinte e tantos anos de vida do poeta. Como
astrólogo que também era, e não meramente como hobby, Pessoa em 1916 foi
acusado de ser um “mago” ou “bruxo” por um jornal de Lisboa, na sequência de um
caso que envolveu o seu amigo, considerado louco pelos seus familiares e
internado num manicómio. A relação de amizade entre os dois manteve-se
constante, apesar do recorrente desequilíbrio mental de Cunha Dias. Foi a
conselho deste, que em 1934 se encontrava em tratamento num hospital
psiquiátrico, que Pessoa declarou ter modificado o título do seu único livro de
poesia publicado em português, Mensagem. A afeição do poeta pelo seu infeliz
amigo, bem como pelo igualmente perturbado escritor esotérico Raul Leal, está
aparentemente relacionada com a frequente alegação por Pessoa do seu próprio
desequilíbrio mental e com as suas concepções sobre loucura e génio»
Da Cunha Dias explica as razões que o levaram a publicar
o livrinho:
«Tinham-me falado num jornal inglês, que publicava os 6 pontos fundamentais do acordo anglo-americano, combinado na entrevista famosa, celebrada no alto-mar entre Churchill, actual primeiro ministro da Inglaterra, e Roosevelt, actual presidente da república dos Estados Unidos da América do Norte.»
Manual do Dourador e Decorador de Livros
Maria Brak-Lamy Barjona de Freitas
Livraria Sá da Costa, Lisboa, Junho de 1941
Do prefácio:
No «Manual do Encadernador», publicado em Maio de
1937, prometi que, a seguir, viria o Manual do Dourador de Decorador de
Livros.»
O meu avô e o meu pai encadernaram alguns livros da Biblioteca
da Casa.
Como conto aqui, a
propósito da encadernação de A
Fanga de Alves Redol, os trabalhos de encadernação do meu avô não
correram muito bem.
O Manual do Encadernador perdeu-se
algures e apenas ficou este Manual do Dourador.
Ainda do prefácio de Maria Barjona de Freitas:
« Publicados estes dois manuais – o do encadernador e
o que agora apresento . julgo ter prestado algum serviço ao meu país.»
Calendário
Cadernos do Povo,
Edições SNI, Lisboa s/d
«Livrinho para se saber prontamente o dia da semana
desde o 1º ano da era Cristã até ao Ano 2000».
Uma questão que se coloca é como se destruíram exemplares
do Panorama e «As
Minhas Férias com Salazar» de Christine Garnier com fotografias do
PIDE Rosa Casaco, e se manteve este «Calendário».
2 comentários:
Olá! Muito bacana este blog sobre livros técnicos. Há muito estou à procura deste Manual do Dourador, mas não o consigo encontrar para comprar. Não seria possível compartilhar uma cópia deste manual?
Boa tarde, Pablo.
O livro é muito antigo (1941) mas se entende que lhe pode ser útil, teremos todo o gosto em o oferecer. Teremos é que combinar como faremos a entrega. Iremos sair de Lisboa hoje e só voltaremos no final de Agosto.
Nessa altura diga-nos como procederemos.
Abraço
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