Dito já que começaram as iniciativas que visam registar o centenário do nascimento de José Saramago, acrescenta-se que irei pegando num qualquer livro de José Saramago e copiarei dele uma frase, um parágrafo, aquilo que constitui os milhares de sublinhados que, ao longo dos muitos anos de leituras, invadiram os livros de José Saramago que habitam a Biblioteca da Casa.
Quando ontem peguei em A Bagagem do Viajante relembrei esta
epígrafe que terá sido a primeira que encontrei em livros de Saramago e da qual
me esquecera.
Pretexto para refazer uma viagem às epígrafes
dos livros de Saramago.
As epígrafes que encontramos nas obras de Saramago são tiradas de livros que não existem: Livro dos Conselhos,Livro dos Provérbios, Livro das Epígrafes, Livro das Evidências, Livro dos Contrários, Livro das Previsões, Livro dos Itinerários, Livro das Vozes e este Manual do Viajante.
Outras epígrafes são frases que viajavam
com Saramago, à procura de uma qualquer saída, um qualquer destino, ou algo que
ouviu, como este Adeus mundo, cada vez a pior dito pela sua
avó Josefa.
Para Carlos Reis as epígrafes de
Saramago são um jogo muito curioso.
Sobre as epígrafes, disse Saramago:
Digo às vezes que o mais importante nas
minhas obras são as epígrafes. Peço ao leitor que não se limite a ficar por aí;
que leia e pense! Mas, na verdade, se pudesse referir uma frase que definisse o
meu trabalho seria: “Escrevo para compreender. Continuarei a esforçar-me para
compreender.
As epígrafes, conselhos, provérbios,
salmos, pedaços de poemas, não são postos nos livros por acaso, tudo tem um
sentido e um fim, pormenores que se transformam em pormaiores.
Para mim as epígrafes, propriamente
ditas, fazem a sua aparição na História do Cerco de Lisboa. Mas
também pode ser em A Jangada de Pedra
Regressam por aqui as epigrafes dos livros de Saramago e outras mais, dadas não como epigrafes mas frases soltas, daqui e dali, e, digo eu, que poderiam muito bem ser epígrafes:
Têm os povos os fados que merecem.
Em Os Poemas Possíveis
Cada um de nós é por enquanto a vida. Isso nos baste.
Em Provavelmente Alegria
Não conhecemos a força do mar enquanto ele não se move. Não conhecemos o amor antes do amor.
Em Deste Mundo e do Outro
Quero acreditar que o trabalho que realizei teve alguma utilidade. Doutra maneira não me seria possível continuar. E eu vou continuar.
Em As Opiniões que o DL Teve
Desviar os olhos, afastar preocupações, cansar-se uma pessoa de dores de cabeça, são tudo atitudes que os catões facilmente censuram, e tanto mais quanto mais longe estiverem das coisas que àqueles incómodos levam.
Em Os Apontamentos
Tudo é biografia, digo eu. Tudo é
autobiografia, digo com mais razão ainda.
Em Manual de Pintura e Caligrafia
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