sábado, 4 de dezembro de 2021

SUBLINHADOS SARAMAGUIANOS

Dito já que começaram as iniciativas que visam registar o centenário do nascimento de José Saramago, acrescenta-se que irei pegando num qualquer livro de José Saramago e copiarei dele uma frase, um parágrafo, aquilo que constituim os milhares de sublinhados que, ao longo dos muitos anos de leituras, invadiram os livros de José Saramago que habitam a  Biblioteca da Casa.

Andam por aqui epígrafes e outras palavras de José Saramago, espalhadsa pelos seus livros, por artigos de opinião, por entrevistas:

 Quando morrer quero que ponham sobre a minha lápide: “Aqui jaz, indignado, José Saramago.”

Quando a minha avó acabava de amassar o pão, dizia sempre, depois de traçar uma cruz na massa: Deus te ponha a virtude, que eu fiz o que pude.

Somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória não existimos, sem responsabilidade talvez não mereçamos existir.

Marx nunca teve tanta razão como hoje.

O ambiente de mediocridade em que vivemos é assustador.

A democracia não é um ponto de chegada mas de partida.

A ignorância tem alguma inconveniência. Quando se junta à estupidez, não há remédio.

Todos guardamos segredos.

O poder dos cidadãos limita-se a tirar um governo e pôr outro, não pode influir nas decisões estratégicas.

A minha especialidade é levantar uma pedra e ver o que está por baixo.

Vivemos num sistema de mentiras, entrelaçadas umas nas outras.

Aqueles que amamos, amamos tal como são.

Estamos muito aborregados. Já nem somos capazes de balir.

Não vos vim trazer a paz, mas a espada.

Só aquilo que morre é que não muda. A mudança é um sinal de vida.

Costuma-se dizer que a solidão é enriquecedora, mas isso depende directamente da possibilidade de se deixar de estar sozinho.

 Parece mal que o escritor viva do que escreve. O meu ofício é este: escrever.

Ser escritor não é apenas escrever livros, é muito mais uma atitude perante a vida, uma exigência e uma intervenção.

Necessitamos de tudo, excepto de silêncio.

É a ler que se aprende a escrever. É a ler!

No que me toca, eu penso que tenho dado muita satisfação aos meus leitores e isso é o melhor que eu posso pensar de mim mesmo.

 

Legenda: Texto para Agenda BN 2002 , «Memorial do Convento»

Faz parte de um conjunto de postais comprado, em Julho de 2008, aquando da Exposição José Saramago: A Consistência dos Sonhos, que esteve patente no Palácio da Ajuda.

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