Dito
já que começaram as iniciativas que visam
registar o centenário do nascimento de José Saramago, acrescenta-se que irei
pegando num qualquer livro de José Saramago e copiarei dele uma frase, um
parágrafo, aquilo que constituim os milhares de sublinhados que, ao longo
dos muitos anos de leituras, invadiram os livros de José Saramago que habitam
a Biblioteca da Casa.
Andam por aqui epígrafes e outras
palavras de José Saramago, espalhadsa pelos seus livros, por artigos de
opinião, por entrevistas:
Quando a minha avó acabava de amassar o
pão, dizia sempre, depois de traçar uma cruz na massa: Deus te ponha a
virtude, que eu fiz o que pude.
Somos a memória que temos e a
responsabilidade que assumimos. Sem memória não existimos, sem responsabilidade
talvez não mereçamos existir.
Marx nunca teve tanta razão como hoje.
O ambiente de mediocridade em que vivemos
é assustador.
A democracia não é um ponto de chegada
mas de partida.
A ignorância tem alguma inconveniência.
Quando se junta à estupidez, não há remédio.
Todos guardamos segredos.
O poder dos cidadãos limita-se a tirar
um governo e pôr outro, não pode influir nas decisões estratégicas.
A minha especialidade é levantar uma
pedra e ver o que está por baixo.
Vivemos num sistema de mentiras,
entrelaçadas umas nas outras.
Aqueles que amamos, amamos tal como são.
Estamos muito aborregados. Já nem somos
capazes de balir.
Não vos vim trazer a paz, mas a espada.
Só aquilo que morre é que não muda. A
mudança é um sinal de vida.
Costuma-se dizer que a solidão é
enriquecedora, mas isso depende directamente da possibilidade de se deixar de
estar sozinho.
Ser escritor não é apenas escrever
livros, é muito mais uma atitude perante a vida, uma exigência e uma
intervenção.
Necessitamos de tudo, excepto de
silêncio.
É a ler que se aprende a escrever. É a
ler!
No que me toca, eu penso que tenho dado
muita satisfação aos meus leitores e isso é o melhor que eu posso pensar de mim
mesmo.
Legenda: Texto para Agenda BN 2002 , «Memorial do Convento»
Faz parte de um conjunto de postais
comprado, em Julho de 2008, aquando da Exposição José Saramago: A
Consistência dos Sonhos, que esteve patente no Palácio da Ajuda.
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