12 de Setembro de 1968
Levanto-me
– para quê?, é a amargura que todos os dias me invade. Leio, mal ou bem, até às
tantas, sofro sonhos desabridos em que desponta ao acordar, uma ou outra ideia,
que se esvai, por não a conduzir até à secretária. Inicio a rotina com sarro na
boca e, nos intervalos dela, garatujo que porei um dia, aqui, o que agora não
faço. Faço projectos para a hora a que regressar a casa, mas, chegado lá, o
ciclo fecha-se, não há forças que o rompam.
Reduzo-me,
assim, à paisagem interior que is livros visitam. Será isto viver? Valerá a
pena teimar? Não é nem vale, mas assim me «cumpro», não sei por que teima
abjecta. Uma protérvia, esta vida arrepiada!
Mário Sacramento em Diário
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