Toda a manhã procurei uma sílaba.
É pouca coisa, é certo: uma vogal,
uma consoante, quase nada.
Mas faz-me falta. Só eu sei
a falta que me faz.
Por isso a procurava com obstinação.
Só ela me podia defender
do frio de janeiro, da estiagem
do verão. Uma sílaba.
Uma única sílaba.
A salvação.
Eugénio de
Andrade em Ofício de Paciência
Colaboração de Aida Santos
Legenda: Desenho pintado por Aida Santos
Sem comentários:
Enviar um comentário