sábado, 18 de dezembro de 2021

DOS REBOTALHOS E COISAS ASSIM...


 Há livros que deveríamos transportar, em lugar do telemóvel, diariamente no bolso.

A Balada do Café Triste de Carson McCullers, é um desses livros.

«Havia uma razão profunda para o café ser tão enaltecido. E esta razão profunda tinha que ver com um determinado orgulho antes desconhecido. Para compreender este novo sentimento é preciso não esquecer o pouco valor que se atribui à vida humana. Muita gente dependia da fábrica, mas era rara a família que tinha o suficiente para comer e vestir. A vida pode tornar-se numa luta desordenada apenas porque se tem de obter aquilo que é necessário para manter as pessoas vivas. E o problema reside nisto: todas as coisas têm um valor, e é preciso dinheiro para as ter, pois é assim que o mundo funciona. Sabe-se quanto custa o fardo de algodão ou uma quarta de melaço. Mas a vida humana não tem preço: é-nos dada de graça e levam-na sem pagar nada. Quanto vale? A julgar pelo que nos rodeia, por vezes o seu valor é pouco ou nenhum. Muitas vezes esforçamo-nos sem descanso e as coisas não melhoram, e depois surge a sensação de que não se vale nada.
Ora, o orgulho que o café despertou na povoação, teve um claro efeito em quase toda a gente, incluindo as crianças. Para ali se estar não era preciso pagar o jantar ou um quarto de whisky. Havia bebidas a níquel para quem não pudesse pagar mais e Miss Amélia vendia uma bebida, «Cherry Juice» cor-de-rosa e muito doce, a um penny o copo. Quase todos, com excepção do Reverendo T.M. Willin, passavam pelo café pelo menos uma vez por semana. As crianças adoram adormecer em casas diferentes das suas e comer à mesa dos vizinhos; em tais ocasiões, comportam-se sempre bem e sentem-se orgulhosas disso. As pessoas da terra sentiam o mesmo tipo de orgulho ao sentarem-se no café. Lavavam-se e limpavam a sola das botas antes de entrarem. Aí, pelo menos durante algum tempo, o amargo sentimento de não se valer nada neste mundo quase desaparecia.»

1.

O número de pessoas sem abrigo em Portugal aumentou em 2020 para 8029, mais 1000 cidadãos que no ano anterior. 

2.

Há 2,3 milhões de portugueses em risco de pobreza ou exclusão social.

Quase 230 mil portugueses caíram na pobreza em 2020.

3.

Dizem especialistas que as reformas antecipadas, ao invés de resolverem o problema do desemprego, significam, antes, uma redução do potencial produtivo e da experiência laboral, apressando o envelhecimento dos cidadãos prematuramente retirados dos seus postos de trabalho e, em em muitos casos, substituídos não por ekmpragdos mais jobesn mas por máquinas.

4.

«A detenção de João Rendeiro não me faz esquecer que a Assembleia da República, graças aos partidos do chamado "arco do poder" - PS, PSD e CDS - nunca conseguiu legislar de forma constitucional sobre enriquecimento ilícito ou para penalizar quem mete dinheiro em offshores.

A detenção de João Rendeiro não me faz esquecer que o poder político não demonstra nem capacidade nem vontade de atacar seriamente o problema da corrupção de grande dimensão - atitude que um eventual governo de bloco central PS/PSD, resultante das eleições de 30 de janeiro, irá agravar, dada a natureza dessa união de interesses "obrigar" a eliminar instrumentos fiscalizadores políticos, económicos, judiciais ou dos media. Numa altura de circulação de milhares de milhão de euros vindos da União Europeia, um bloco central a governar o país seria como meter uma raposa numa capoeira.»

Pedro Tadeu no Diário de Notícias. 

3 comentários:

Seve disse...

Por favor leiam a grande grande escritora Carson McCullers.

Todos os livros publicados/traduzidos em Portugal desta extraordinária escritora são uma obra-prima!

Seve disse...

4 - Basta ver o Júdice (o tal que ganha mais uns cobres a fazer comentários moralistas na SIC) caminhar ao lado do Rendeiro para avaliar os instintos de certa gente.

Seve disse...

Trago sempre um livro em vez do telemóvel (mentira, trago também o telemóvel pois preciso de ler/ver diariamente o CAIS DO OLHAR).,