Há livros que deveríamos transportar, em lugar do telemóvel, diariamente no bolso.
A Balada do Café Triste de Carson
McCullers, é um desses livros.
«Havia uma razão profunda para o café
ser tão enaltecido. E esta razão profunda tinha que ver com um determinado
orgulho antes desconhecido. Para compreender este novo sentimento é preciso não
esquecer o pouco valor que se atribui à vida humana. Muita gente dependia da
fábrica, mas era rara a família que tinha o suficiente para comer e vestir. A
vida pode tornar-se numa luta desordenada apenas porque se tem de obter aquilo
que é necessário para manter as pessoas vivas. E o problema reside nisto: todas
as coisas têm um valor, e é preciso dinheiro para as ter, pois é assim que o
mundo funciona. Sabe-se quanto custa o fardo de algodão ou uma quarta de
melaço. Mas a vida humana não tem preço: é-nos dada de graça e levam-na sem
pagar nada. Quanto vale? A julgar pelo que nos rodeia, por vezes o seu valor é
pouco ou nenhum. Muitas vezes esforçamo-nos sem descanso e as coisas não
melhoram, e depois surge a sensação de que não se vale nada.
Ora, o orgulho que o café despertou na povoação, teve um claro efeito em quase
toda a gente, incluindo as crianças. Para ali se estar não era preciso
pagar o jantar ou um quarto de whisky. Havia bebidas a níquel para quem não
pudesse pagar mais e Miss Amélia vendia uma bebida, «Cherry Juice» cor-de-rosa
e muito doce, a um penny o copo. Quase todos, com excepção do Reverendo T.M.
Willin, passavam pelo café pelo menos uma vez por semana. As crianças adoram
adormecer em casas diferentes das suas e comer à mesa dos vizinhos; em tais
ocasiões, comportam-se sempre bem e sentem-se orgulhosas disso. As pessoas da
terra sentiam o mesmo tipo de orgulho ao sentarem-se no café. Lavavam-se e
limpavam a sola das botas antes de entrarem. Aí, pelo menos durante algum
tempo, o amargo sentimento de não se valer nada neste mundo quase desaparecia.»
1.
O número de pessoas sem abrigo em
Portugal aumentou em 2020 para 8029, mais 1000 cidadãos que no ano anterior.
2.
Há 2,3 milhões de portugueses em risco
de pobreza ou exclusão social.
Quase 230 mil portugueses caíram na pobreza em 2020.
3.
Dizem especialistas que as reformas antecipadas, ao invés de resolverem o problema do desemprego, significam, antes, uma redução do potencial produtivo e da experiência laboral, apressando o envelhecimento dos cidadãos prematuramente retirados dos seus postos de trabalho e, em em muitos casos, substituídos não por ekmpragdos mais jobesn mas por máquinas.
4.
«A detenção de João Rendeiro não me faz
esquecer que a Assembleia da República, graças aos partidos do chamado
"arco do poder" - PS, PSD e CDS - nunca conseguiu legislar de forma
constitucional sobre enriquecimento ilícito ou para penalizar quem mete
dinheiro em offshores.
A detenção de João Rendeiro não me faz
esquecer que o poder político não demonstra nem capacidade nem vontade de
atacar seriamente o problema da corrupção de grande dimensão - atitude que um
eventual governo de bloco central PS/PSD, resultante das eleições de 30 de
janeiro, irá agravar, dada a natureza dessa união de interesses
"obrigar" a eliminar instrumentos fiscalizadores políticos,
económicos, judiciais ou dos media. Numa altura de circulação de milhares de
milhão de euros vindos da União Europeia, um bloco central a governar o país
seria como meter uma raposa numa capoeira.»
Pedro Tadeu no Diário de Notícias.
3 comentários:
Por favor leiam a grande grande escritora Carson McCullers.
Todos os livros publicados/traduzidos em Portugal desta extraordinária escritora são uma obra-prima!
4 - Basta ver o Júdice (o tal que ganha mais uns cobres a fazer comentários moralistas na SIC) caminhar ao lado do Rendeiro para avaliar os instintos de certa gente.
Trago sempre um livro em vez do telemóvel (mentira, trago também o telemóvel pois preciso de ler/ver diariamente o CAIS DO OLHAR).,
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