quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

TUDO SE REPETE SEM NADA SE PERDER

11 de Maio de 1992

Num livro único e maravilhoso, As Cidades Invisíveis de Italo Calvino, livro em que tudo se repete sem nada se perder, há um momento em que o autor insinua que o outro lado, a face clandestina de todas as cidades, só pode ser a sereníssima cidade de Veneza – um lugar de partida onde nunca se chega. Porque Veneza é isso mesmo o paradoxo indecifrável de um lugar-mais-que-comum e de um não-lugar definitivo.

Eduardo Prado Coelho em Tudo O Que Não Escrevi, Volume II

2 comentários:

Seve disse...

Há uns anitos peguei nas CIDADES INVISÍVEIS mas larguei, creio que nem à pág. 20 consegui chegar -tenho de voltar.

Sammy, o paquete disse...

A história da minha vida remete para uma série de livros que principiei a ler e não acabei. A alguns ainda regresso mas à maior parte não consegui dar a volta. Não foi o caso de «As Cidades Invisíveis». Boa parte da minha formação literária é constituída pelos neo-realistas de diversos países. Calvino não poderia estar fora da situação. Este livro li-o já passados muitos anos e terei que dizer que as minhas primeiras leituras datam dos anos 1964/67. Não é um livro fácil mas merece que se marre por ele. Tem coisas deliciosas.
«Depois de se passar seis rios e três cadeias de montanhas surge Zora, cidade que quem a viu uma vez nunca mais pode esquecer.»