domingo, 12 de dezembro de 2021

REVISITAÇÃO DE POEMAS DE NATAL


O verde tenro e vivo, de folhagem,

presépio dos meus sonhos, em menino,

pôs-se de luto a par do meu destino,

cego-me a vê-lo imagem de miragem.

 

Quando, iludido, o busco na ramagem,

já com seus tons mais brandos não atino.

E nesta escuridão, só me ilumino

vendo-o compor-me interior da paisagem.

 

Paisagem de ouro verde, que de mim

sai alongada em foco para a terra

a procurar vencer-lhe a cerração.

 

E onde num crepúsculo sem fim

tonta, a esperança, esvoaçando, erra

sobre torres de encanto e de traição!


Edmundo de Bettencourt, poema tirado da Antologia Natal… Natais 

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