O verde tenro e vivo, de folhagem,
presépio dos meus sonhos, em menino,
pôs-se de luto a par do meu destino,
cego-me a vê-lo imagem de miragem.
Quando, iludido, o busco na ramagem,
já com seus tons mais brandos não atino.
E nesta escuridão, só me ilumino
vendo-o compor-me interior da paisagem.
Paisagem de ouro verde, que de mim
sai alongada em foco para a terra
a procurar vencer-lhe a cerração.
E onde num crepúsculo sem fim
tonta, a esperança, esvoaçando, erra
sobre torres de encanto e de traição!
Edmundo de Bettencourt, poema tirado da Antologia Natal… Natais
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