29 de Junho de 1992
Quando alguém me vem dizer que os meus
textos se tornaram «mais claros», suspeito sempre que se trata de um imbecil.
Eu sei que os meus textos se tornaram mais comunicativos, mais contagiantes – isto é, que uma certa aridez teorizante se foi
desvanecendo. Mas cuidado! Um dia a Marguerite Duras disse-me de uma
determinada personagem que havia conhecido em Portugal: «Ela não é bela; tem a
aparência da beleza.» Diria o mesmo do que hoje escrevo: os meus textos não são
claros; têm a aparência da clareza.
Eduardo Prado
Coelho em Tudo O Que Não Escrevi, Volume II
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