Dezembro
Trago ao pescoço terço e alfaia,
Contas de névoa e fé ferrugenta;
A cal do cemitério já desmaia…
- As flores viu-as a morte ciumenta!
Frita-se na ribeira açucarada
(E vezes sem conta na mesma água)
Outro Natal de farinha amassada –
- Memória que tiveram eu pago-a!
Os cães que ladram no cimo do povo
Tão sempre os mesmos e tão longínquos –
- já parecem à noite algo de novo…
Ladram às estrelas, regressam tudo:
Os bailes de Verão, o cheiro a fumo
- E a roupa, mãe, onde é que arrumo?
Rui Lage, poema retirado da
Antologia Natal…
Natais
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