Adriano Correia de Oliveira nasceu no Porto a 9 de Abril de 1942.
Faria hoje 80 anos, mas
deixou-nos a 16 de Outubro de 1982.
Há homens que morrem e continuam a viver.
Adriano Correia de Oliveira é um desses homens.
Claro que,
possivelmente pouco ou nada dirá às novas gerações, mas diz muito àqueles que o ouviram cantar em tempos dificílimos, em tempos em
que ele conseguiu ser um farol de esperança para o futuro com que sonhávamos.
O Adriano, ao longo do seu curto tempo de vida, sempre foi desrespeitado e explorado por uma série de gente. Lembro-me quando quis fazer um single e a editora torceu o nariz, lembro-me de na Festa do Avante, após s sua morte, colocarem um auditório com o seu nome, mas percorro os programas das diversas Festas do Avante e verifico que lhe deram sempre os horários menos nobres, os palcos mais escondidos. Sabiam que o Adriano nada recusava, nunca se negava a ir onde ele entendesse que devia estar presente. Lembro-me daquele espectáculo, no Coliseu, de solidariedade para com os trabalhadores da ANOP, em que não o deixaram actuar porque disseram que «estava com os copos».
Mesmo o Partido a que sempre pertenceu, tratou-o sem
ponta de respeito e consideração, rodeou-o de silêncios infames, ele que,
segundo Fausto, «foi o melhor de todos
nós».
2 comentários:
A ideia que tenho de Adriano Correia de Oliveira é que era um homem bom e um grande homem -e um grande cantor-!
Juntamente com José Afonso, o Adriano é o mais puro e esclarecido intérprete musical da luta contra a ditadura. Não quiseram ser vedetas e dispensaram os holofotes, nunca os palcos, estivessem esses palcos nas grandes cidades, na mais simples aldeia. Nunca se venderam.
Adriano como militante do Partido Comunista, apareceu sempre quando convocado e colaborava também com outras organizações de esquerda porque a luta, antes e depois de Abril era sempre apenas uma. Nunca entendeu o Partido como uma congregação religiosa, mas um Partido de janelas abertas, longe de sectarismos. E isso causou engulhos e desencontros que terminaram em coisas rasteiras, que o foram amargurando e, lentamente, foi escolhendo a morte.
Enviar um comentário