Norberto de Araújo
Capa: Leitão de Barros
Desenhos e aguarelas de Columbano, J. Vaz, Carlos Reis, Sousa Pinto, Roque Gameiro, Alberto de Sousa, D. Helena Gameiro, Alfredo de Morais, Martinho da Fonseca
Livraria Aillaud e Bertrand, Porto, 1920
Navios parados...Mastros esguios, como
lanças, despidos da roupagem das velas, pontos de admiração fantásticos,
abrindo a sua surpresa ante miséria, ante a ambição, ante a luta vigente por
essa terra fumegante, que crepita incêndios e dor...Navios parados, na tranquilidade
calma da baía: o espelho das águas retrata-vos na trémula miragem, toda a ânsia
de fuga, toda a sede indomável da solidão, a saudade do oceano, o amor das
águas infinitas, en cuja superfície santíssimo Deus, se balouçam os vossos
arcabouços, navios que eu estou a ver parados e tristes, e os arcabouços dos
tripulantes, felizes na incerteza, amantes das ilusões no horizonte,
apaixonados da dúvida cinzenta das tempestades. Navios, mastros nus, destinos
ao abandono. Vós tereis amanhã - oh quem vos seguira! - o firmamento enorme
para realizardes o vosso sonho, lendo nas estrelas, ou o seio do Oceano inteiro
para vos aquietardes, abençoando a morte...
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