terça-feira, 26 de abril de 2022

OLHAR AS CAPAS

Saramago: Os Seus Nomes

Um álbum biográfico

Edição de Alejandro Garcia Schnetzer e Ricardo Viel

Prefácio: António Guterres

Capa e projeto gráfico: Raul Loureiro

Porto Editora/ Fundação José Saramago, Lisboa, Abril de 2022

 

Não o pensava antes, quando escutava a guitarra de Carlos Paredes, mas hoje, recordando-a, compreendo que aquela música era feita de alvoradas, canto de pássaros anunciando o sol. Ainda tivemos de esperar uma década antes que outra madrugada viesse abrir-se para a liberdade, mas o inesquecível tema de Verdes Anos, esse cantar de extática alegria que ao mesmo tempo se entretece em harpejos de uma surda e irreprimível melancolia, tornou-se para nós numa espécie de oração laica, um toque a reunir de esperanças e vontades. Já seria muito, mas ainda não era tudo. O resto que ainda faltava conhecer era o homem de dedos geniais, o homem que nos mostrava como podia ser belo e robusto o som de uma guitarra, e que era, a par de músico e intérprete excepcional, um exemplo extraordinário de simplicidade e grandeza de carácter. A Carlos Paredes não era preciso pedir que nos franqueasse as portas do seu coração. Estavam sempre abertas.

Palavras de José Saramago em O Caderno, colocadas pelos autores neste Álbum Biográfico no capítulo «Leituras/Sentidos»

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