segunda-feira, 4 de abril de 2022

SUBLINHADOS SARAMAGUIANOS


 Dito já que começaram as iniciativas que visam registar o centenário do nascimento de José Saramago, acrescenta-se que irei pegando num qualquer livro de José Saramago e copiarei dele uma frase, um parágrafo, aquilo que constituim os milhares de sublinhados que, ao longo dos muitos anos de leituras, invadiram os livros de José Saramago que habitam a  Biblioteca da Casa.

Esse abominável crime de Putin, a hiena asquerosa, levou a que os Sublinhado Saramaguianos, não tenham marcado presença por aqui.

Regressam com uma passagem pelos Poemas Possíveis, o meu primeiro livro de Saramago:

«Foi na Livraria Portugal, naqueles escaparates que ainda hoje estão ao meio da sala do rés-do-chão, que topei, pela primeira vez, com o nome de José Saramago.

Estávamos em 1966, tinha então 21 anos, e não fazia a mínima ideia quem era José Saramago, tão pouco dele ouvira falar. Mas o livro que olhei fazia parte de uma colecção de prestígio: “Colecção Poetas de Hoje” da "Portugália Editora”.
Folheei o livro e do que fui vendo nascia um sentimento de gosto e prazer.
Houve tempo para passar os olhos pela “Fala do Velho do Restelo ao Astronauta”, mais dois, três poemas, mas a decisão foi apenas uma: estava com a minha gente.»

O sublinhado de hoje é o poema «Não Me Peçam Razões», pág. 118 da 1º Edição:

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, nascem todas
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou sombra delas,
Deste gosto de amar e destruir:
Nos excessos do ser é que amanhece

A cor da Primavera que há-de vir.

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