O filme deste dia de
há 48 anos, passa-lhe pela memória.
Alguns pormenores
estão esquecidos.
Outros não.
Começara a chover, as ruas iam-se esvaziando, as gentes que correram, gritaram e caminharam por aqui e por ali regressavam a casa para ver o que a televisão apreto ebranco tinha para dizer.
Marcelo já se rendera a Spínola. O poder não caíra na rua como
pretendera o ditador.
Foi quando encontrou
o Pedro Foyos, naquele tempo o paginador gráfico do República, que o desafiou
para uma volta pela cidade.
Subimos a Avenida da Liberdade, demos a volta para o Conde Redondo. Continuava a chover e o Pedro Foyos desafiou-o para um petisco e um copo de um qualquer vinhito. Apenas encontrámos na Luciano Cordeiro o Café Camacha aberto, mas prestes a fechar portas.
Ao balcão bebemos um penalty de vinho branco e comemos um pastel de bacalhau. Era o que nos podiam dar. Brindámos ao que aí viria.
De modo algum poderia
ser pior do que os tempos que íamos vivendo.
Tenho uma ternura por
esta lembrança de tempo ddeste dia de há 48 anos.
Pequenos e simples momentos. Talvez os melhores.
Nunca o desfiei por
aqui, nem em nenhum lado.
Envelhecer é isto.
Legenda: pintura de
Douglas Gray
Sem comentários:
Enviar um comentário