O volume do mês de Agosto da Biblioteca
da Censura, comissariada por Álvaro Seiça, que o Público tem vindo a publicar é
Bloco.
Trata-se de uma pequena antologia organizada
por Luiz Pacheco e Jaime Salazar. Que contém textos de Teatro, Poesia e Conto e
com a seguinte colaboração:
Aproximação,
peça de teatro de Jaime Salazar Sampaio
Semana
Inglesa, conto de José Cardoso Pires
Poesia de Mário Ruivo
Sombras,
conto de Ferro Rodrigues
Poesia
de Jaime Salazar Sampaio
Um
Conto de Maria Natália Duarte Silva
Poesia
de Matilde Rosa Araújo
História
Antiga e Conhecida, peça de teatro de Luiz Pacheco.
Segundo António Cândido Franco, no seu livro sobre a vida de Luiz Pacheco, Bloco saiu no final do primeiro semestre de 1946, a morada para correspondência era nº 91 – 1º andar da Rua de Dona Estefânia onde viviam os pais de Luiz Pacheco. A capa é de Castro Rodrigues, a ilustração de Daniel de Morais e foi apreendido logo depois da impressão. Parte da edição ainda estava na tipografia quando a apreensão teve lugar e perdeu-se nas mãos da polícia política. Sobreviveram apenas umas centenas de exemplares, preço de capa 5$00, que foram distribuídas à mão entre amigos e enviadas para bibliotecas.
Este é o relatório nº 2920, datado de 17
de Setembro de 1946 e assinado pelo major A. Rogado.
O analfabeto-major-censor, para além de considerar o livro «altamente inconveniente» não cedeu ao despudor de aconselhar a PIDE de que «poderia ser aplicada multa à tipografia pela impressão de semelhante escrito.»
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