Dormir, ou
fechar os olhos no cinema.
De certeza que já
me aconteceu mas não guardo memória.
Alexandre O’
Neill dormia no cinema.
Pamela Ineichen,
na Biografia Literária que Maria António Oliveira escreveu sobre O’Neill,
conta:
Numa ocasião em Paris com o Artur Ramos e a Helena
fomos ver um filme de Ingmar Bergman que estava proibido em Portugal, Como o
Alexandre gostava de se sentar atrás, ficámos separados dos nossos amigos. Mal
o filme começou, o Alexandre começou a ressonar. Era inútil tentar acordá-lo. À
saída, o Artur perguntou-lhe o que ele pensava do filme. Qual não foi o meu
espanto quando o Alexandre respondeu com toda a calma: «uma merda»! Ao
chegarmos a casa disse-lhe: «Alexandre, francamente! Dormiste o filme inteiro,
como é que pode s afirmar que o filme era uma merda?» «Se não fosse, não tinha
dormido», respondeu-me ele com grande calma!
Recentemente,
Manuel S. Fonseca confessava no blogue Escrever é triste:
Só vou ao cinema quando me apetece. Não tenho obrigações
profissionais e se vou é por prazer. Vou e se me apetecer dormir um
bocadinho no meio de um filme, durmo. E perco, com displicência, mesmo filmes
que são “fundamentais”, “essenciais” e ai meu Deus que com a arte não
se brinca.
Brinca, sim senhor.
Brinca, sim senhor.
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