sexta-feira, 3 de março de 2017

NOTÍCIAS DO CIRCO


Salazar quis que o destino dos portugueses teria de ser pobre, humilde e melancólico.

Entendia que o luxo da cultura era uma afronta à mediocridade e à claustrofobia.

Nada é mais perigoso que um país sem memória.

O enorme buracão que é o BES, toda a banca portuguesa, é algo que, com toda a certeza, não será desvendado nos próximos cem anos.

Verdade ou mentira, já nem quero saber: veio nos jornais que o Grupo Espírito Santo terá distribuído mais de 90 milhões de euros por políticos e gestores de empresas. Mais de metade desse dinheiro terá ido para Zeinal Bava e Henrique Granadeiro. O Ministério Público acredita que os antigos gestores da PT receberam, no total, 48 milhões de euros por alegado favorecimento do GES em vários negócios.

De Ricardo Salgado dizia-se que era o dono disto tudo, dos outros dois dizia-se que eram os maiores gestores do planeta e arredores.

Há ainda a novela Caixa Geral de Depósitos, há agora o caso dos Offshores.

Há um ex-presidente da República que, por mera vingança, desata a divulgar as conversas que um ex-primeiro teve com ele  nas quintas-feiras de Belém.

Há ainda tanta coisa de uma gravidade de que não se consegue apurar o mínimo sinal.

A nossa política é uma pegada aldrabice, um vómito.

Relembro o que José Pacheco Pereira escreveu há dias:

… é uma afronta para os portugueses tomá-los por parvos!

Ou José Rodrigues Miguéis em Outubro de 1979:

«Nações pobres» são em geral as que se deixam governar e explorar por quadrilhas minoritárias de tiranos supostamente escudados numa qualquer doutrina ou ideologia, cuja finalidade real é sobretudo o «venha-a-nós-o-vosso vintém».

Que fazer?

Só me lembro do Manuel Bandeira:

Vou-me embora pra Pasárgada onde a existência e uma aventura.

Sem comentários: