Assim concorri à
vaga de efectivo do Liceu da Horta e assim fui colocado, em comissão de
serviço, no Liceu Normal de Coimbra, D. João III, onde iniciei as minhas aulas
em Outubro de 1950. Não foi preciso inscrever-me na União Nacional, nem isso
nunca o faria mesmo ao preço de ter ir para a Horta. O que tive de fazer foi a
declaração habitual a que, por norma legislativa, eram obrigados todos os
funcionários públicos nomeados para qualquer lugar, desde o porteiro, cá em
baixo, até ao limpa-chaminés, lé em cima. Era a declaração, devidamente datada
e assinada, com penhor da sua honra, de que não pertencia nem nunca pertenceria
a qualquer associação secreta. No meu caso não pertencia nem tencionava
pertencer, pelo que assinei o impresso sem qualquer relutância. Aqui vos deixo,
em fotocópia, um exemplar desse impresso.
Houve também,
nesse tempo de ditadura, uma outra exigência, para os mesmos fins da anterior,
em que se afirmava, também com a honra pessoal a servir de penhor, que o
signatário exerceria o seu cargo “com activo repúdio do comunismo”. Divertidas
brincadeiras políticas, emanadas de inteligências superiores, que assim dormem
mais descansados deixando ficar tudo na mesma.
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