Oitenta e cinco anos é uma boa conta, embora hoje seja coisa corrente. Eu todos os dias leio a necrologia no Diário de Notícias e verifico a insistência com que se acentua a presença dos falecidos na casa dos oitenta anos e até na dos noventa, o que é uma novidade dos tempos recentes.
(…)
Eu não temo a
morte. A vida, sim, essa é que é de temer, particularmente para quem, como eu,
nunca teve jeito para se lhe adaptar. Fui sempre um inepto, um inadaptado, um
desajeitado. Converso alegremente com vocês porque vocês não existem e, quando
existirem, estarei eu defeito em partículas dispersas e já ninguém será capaz
de me reconstituir para que vos possa defrontar. É melhor assim. Seremos todos,
mutuamente, veneradores e obrigados.
Rómulo de Carvalho em Memórias
Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da
imagem.
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