sexta-feira, 13 de outubro de 2017

A FRATERNIDADE DA SOLIDÃO


25 de Dezembro de 1969

E lá está a minha vizinha do rés-do-chão a apodrecer o tempo do Natal, sozinha. Não deixa por isso – contou ela à Rosalia – de fazer rabanadas e de comprar todos os mimos da época: nozes, avelãs, passas, broas, peru…
Depois, enverga o seu melhor vestido, abra uma garrafinha de porto e, rodeada de fantasmas, senta-se numa mesa fantástica, cheia de pratos vazios, a representar consigo mesma a fraternidade da solidão

José Gomes Ferreira em Livro das Insónias Sem Mestre VIII volume dos Dias Comuns.

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da imagem

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