A mãe pôs-se de pé
e cruzou diante do peito as palmas das mãos, horizontais como as lâminas de uma
guilhotina.
- Filhinha, não me
conte mais nada. Estamos perante um caso muito perigosos. Todos os homens que
primeiro tocam com a palavra, depois chegam mais longe com as mãos.
- Que mal têm as
palavras! – disse Beatriz abraçando-se à almofada.
- Não há pior droga
que o blá-blá. Faz uma taberneira de aldeia sentir-se como uma princesa
veneziana. E depois, quando chega a hora da verdade, o regresso à realidade,
repara que as palavras são um cheque sem cobertura. Prefiro mil vezes que um
bêbedo te apalpe o cu no bar, a que te digam que um sorriso teu voa mais alto
que uma mariposa!
Antonio Skármeta em OCarteiro de Pablo Neruda
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