quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O OUTRO LADO DAS CAPAS


O  Caso daQuinta Avenida é o nº 13 da nova série da clássica Colecção Vampiro, de novo publicada por Livros do Brasil, mas agora englobada no grupo editorial da Porto Editora.

Tem tradução de Fernando Pessoa, completada por Catarina Rocha Lima. 

A páginas 134 desta edição pode ler-se:

«Aqui termina a parte traduzida por Fernando Pessoa, mas os seus critérios e opções, tanto quanto possível, continuarão a ser respeitados até ao fim do romance, embora não seja pretensão da tradutora imitar o grande escritor. Assim, notará o leitor, por certo, mudança de estilo que, a partir deste ponto, será, não o de Fernando Pessoa, mas tão-só, o próprio da tradutora que recebeu o pesado encargo de completar a obra por ele iniciada.»

Segundo informação prestada pelo editor, no final desta desta edição, a tradução de Fernando Pessoa apareceu, sob a forma de folhetim, no jornal diário O Sol, cujo director era Celestino Soares, tendo sido publicados apenas trinta e três números, entre 30 de Outubro de 1926 e 1 de Dezembro do mesmo ano. O curto período de vida de O Sol apenas permitiu a publicação de cerca de um terço do livro e o fim do jornal levou, por sua vez, ao fim da tarefa de tradução de Fernando Pessoa.

Na primeira série da colecção O Caso da Quinta Avenida tinha o nº 562.

A nova série da Colecção Vampiro começou com Os Crimes do Bispo de S.S. Van Dine, cuja primeira publicação já aqui foi apresentada com capa de Cândido Costa Pinto.


A velha Colecção Vampiro, que começou em 1947, abre com Agatha Christie e o seu Poirot Desvenda o Passado, teve o seu epílogo em 2007 com o número de colecção 703 que corresponde a Do Álbum de Um Detective da autoria de Headon Hill.

Apetece dizer que, casa que se preze, guarda no seu interior um qualquer livro da Colecção Vampiro.

São fantásticas as capas de Cândido da Costa Pinto, algumas verdadeiras obras de arte, interessantes também as de Lima de Freitas mas, verdadeiramente, a cereja no topo do bolo são as capas de Cândido Costa Pinto que as desenha até ao número 104 da colecção, enquanto que as de Lima de Freitas vão do número 105 até ao número 325.

A partir daqui as capas perdem qualidade, alguns volumes mencionam que as capas são de autoria de A. Pedro e grande parte são de um péssimo gosto, muitas a resvalar para a pornografia pura e dura, com o mero propósito de chamar a atenção com vista à fácil compra. 

Diga-se também que as traduções não primavam pela qualidade. A maior parte seguia a edição brasileira, revistas, em cima do joelho, para português.

A Vampiro seguia o lema que tudo o que viesse à rede era peixe e daí encontramos, na colecção, autores da segunda, terceira e quarta divisão do Romance Policial.

Mas, no fundo dos fundos, o balanço final é positivo.

Manuel Alberto Valente, responsável editorial da nova série da Vampiro, revelou  ao Diário de Notícias que «as capas tendem a assumir o estilo retro e vintage da coleção inicial mesmo que executadas por um designer actual».

Quanto às traduções, a maioria das novas edições irão recuperar as antigas versões, mas alerta para alterações muito significativas: «Serão fortemente revistas e o texto será integral, situação que nem sempre se verificava pois eram feitos cortes em certas partes para caber na paginação. Desta vez, serão publicados os textos originais.»

Legenda: contracapa de O Caso da Quinta Avenida

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