Até 14 de Dezembro, estará patente na Biblioteca Nacional,
uma Exposição comemorativa do Centenário do Nascimento de Óscar Lopes que
nasceu a 2 de Outubro de 1917, o ano da Revolução Russa:
«O sentido desta
mostra documental evocativa do centenário do nascimento do Professor Óscar
Lopes é o de homenagear o homem que, pelo seu pensamento dialético e
hermenêutico, buscou sempre o “sentido que a vida faz”. Essa procura leva-o na
sua investigação e nas suas obras a entrecruzar saberes diversos – da física à
filosofia, da biologia à antropologia, da astrofísica à história, à música ou à
literatura e linguística, estas as áreas preferenciais do seu trabalho.
“Nem crítico, nem
ensaísta, nem mesmo essencialmente professor, linguista ou político”, a
dificuldade do próprio em auto definir-se. Era tudo isto.»
Depoimentos de Agustina
Bessa-Luís, Álvaro Cunhal, Baptista-Bastos, Eduardo Lourenço, Egito Gonçalves,
Eugénio de Andrade, Ilse Losa, José Cardoso Pires, Manuel António Pina, Manuel
Alberto Valente, Marta Cristina Araújo, Urbano Tavares Rodrigues, Vasco Graça
Moura, entre outros.
Reproduzimos o depoimento de Agustina Bessa Luís
Devo a Óscar Lopes os primeiros conhecimentos sobra a
crítica. A companhia que o crítico pode significar para o fugitivo da área
familiar, em geral a que nos ensina primeiro a duvidar de tudo, foi para mim
Óscar Lopes. Antes de A Sibila tomar lugar nas letras
portuguesas, já ele se interessava pelos Contos Impopulares, melancólico
salto sobre um abismo de lirismo desempregado. O crítico, como intérprete duma
linguagaem, é o médium que o espírito convoca. É compreensível que o jovem autor
comece por não gostar dos críticos e acabe por vê-los como sendo os médiuns
próprios para desvendar a ideia.
Não sou muito adepta das homenagens que se prestam ao tempo vivido por um homem de talento. Todos os seus dias são dignos de louvor e os seus sacríficios estão mais presentes na juventude do que na idade avançada. Esta é o tempo em que devemos deixar dormir, mais do que pensar, as pessoas inteligentes. Se dormir é o cúmulo do génio, como disse um filósofo que eu muito prezo, então não despertemos com palavras barulhentas os que deixam uma obra para a posteridade.
Eu penso que o Óscar Lopes não pertence ao número daqueles que é preciso elogiar, como se faz às crianças para que elas nos obedeçam. Obedecer não é próprio dos homens. Porque devemos elogiá-los?
Por mim, eu digo que me aborreço quando me parecem consolar de alguma coisa com as honras que me prestam. Prefiro um café quente a um bom elogio. Mas nem todos são assim.
Fomos amigos em campos diversos mas não extremados. Óscar Lopes e eu. Convivemos ma mesma admiração pelos livros e na paixão das ideias. Eu, que sou avara de palavras faladas, porque o ciúme das escritas me arrasta para longe delas, no entanto, fora da minha vocação, vejo o talento de alguém e digo-lhe que é preciso ter coragem para ter talento. Aqui e em qualquer lugar. O talento briga com tudo, arranja inimigos em toda a parte porque tem que expandir a sua diferença onde quer que esteja. É por isso que as homenagens lhe cheiram a esturro. O gozo estético do talento é uma luta de morte com a própria celebridade. Ela parece sempre uma forma de fechar as contas e de partir noutra direcção, que não é a do talento, bem entendido.
As nossas contas ficam em aberto. Mais erradas do que certas. A vida é assim. Nós somos assim. Óscar Lopes e eu e muitos que têm a vocação como virtude curativa.
Não sou muito adepta das homenagens que se prestam ao tempo vivido por um homem de talento. Todos os seus dias são dignos de louvor e os seus sacríficios estão mais presentes na juventude do que na idade avançada. Esta é o tempo em que devemos deixar dormir, mais do que pensar, as pessoas inteligentes. Se dormir é o cúmulo do génio, como disse um filósofo que eu muito prezo, então não despertemos com palavras barulhentas os que deixam uma obra para a posteridade.
Eu penso que o Óscar Lopes não pertence ao número daqueles que é preciso elogiar, como se faz às crianças para que elas nos obedeçam. Obedecer não é próprio dos homens. Porque devemos elogiá-los?
Por mim, eu digo que me aborreço quando me parecem consolar de alguma coisa com as honras que me prestam. Prefiro um café quente a um bom elogio. Mas nem todos são assim.
Fomos amigos em campos diversos mas não extremados. Óscar Lopes e eu. Convivemos ma mesma admiração pelos livros e na paixão das ideias. Eu, que sou avara de palavras faladas, porque o ciúme das escritas me arrasta para longe delas, no entanto, fora da minha vocação, vejo o talento de alguém e digo-lhe que é preciso ter coragem para ter talento. Aqui e em qualquer lugar. O talento briga com tudo, arranja inimigos em toda a parte porque tem que expandir a sua diferença onde quer que esteja. É por isso que as homenagens lhe cheiram a esturro. O gozo estético do talento é uma luta de morte com a própria celebridade. Ela parece sempre uma forma de fechar as contas e de partir noutra direcção, que não é a do talento, bem entendido.
As nossas contas ficam em aberto. Mais erradas do que certas. A vida é assim. Nós somos assim. Óscar Lopes e eu e muitos que têm a vocação como virtude curativa.
PSD
Hoje, começamos assim:
Manuela Ferreira Leite apoia Rui Rio para a liderança do
PSD: «tem mais credibilidade do que
Santana Lopes.»
Miguel Relvas, em entrevista à SIC, declarou que vai votar
em Pedro Santana Lopes porque o Partido necessita de «um líder que seja capaz de agregar.»
O miasma-ventura-de-Loures quer impedir que Rui Rio ganhe e «prejudique a
identidade do partido».
INCÊNDIOS
O relatório da Comissão Técnica Independente, que
analisou os incêndios do passado mês de junho, foi entregue na Assembleia da República.
Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração
Interna disse, hoje, no Parlamento que não vai pedir a demissão.
Dia 21 haverá um Conselho de Ministros Extraordinário, mas
António Costa já disse:
«Pela parte do
Governo, por respeito pela Assembleia da República, por respeito pelos
profissionais que elaboraram este relatório, mas, sobretudo, por respeito pelas
vítimas e seus familiares, o que nos compete é fazer uma reflexão serena sobre
a informação disponível e as recomendações apresentadas. As responsabilidades
são aquelas que resultam do relatório e assumi-las-emos totalmente.»
Palavras finais do editorial, de hoje, do Diário de Notícias:
«O relatório o que
diz é que falhou quase tudo, até a ajuda dos deuses que provocaram ali
condições climáticas únicas. E diz que um senhor da Proteção Civil mandou suspender
a fita do tempo. Esse terá os dias contados. E o relatório também diz que face
às previsões meteorológicas não foram colocados no terreno os meios possíveis e
necessários».
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