O Doido de Bergerac
Georges Simenon
Tradução: Mascarenhas Barreto
Capa: Lima de Freitas
Colecção Vampiro nº 117
Livro do Brasil, Lisboa s/d
De novo, volta ao
compartimento e é vencido por essa sonilência que lhe desperta ideais e
sensações estranhas.
Sente-se separado
do resto do mundo. O ambiente traduz-se por uma atmosfera de pesadelo.
O homem do beliche
de cima ter-se-á erguido sobre os cotovelos, ter-se-á inclinado para o ver?
Em contrapartida,
Maigret não tem coragem para esboçar um só gesto. A meia garrafa de Bordeaux
e os dois bagaços, que bebeu na carruagem
restaurante, pesam-lhe no estomago.
A noite é imensa.
Nas paragens ouvem-se vozes confusas, passos nos corredores, portinholas que
batem. Tem a impressão de que o comboio renunciou a partir.
O homem parece que
chora. Há momentos em que para de respirar. Depois, de repente, funga. Volta-se.
Assoa-se.
Maigret lamenta não
ter ficado no seu compartimento de primeira, com o velho casal.
Adormece. Acorda.
Adormece de novo. Enfim, já não podia mais. Tosse para aclarar a voz.
- O
senhor, por favor, veja se consegue estar quieto um momento.
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