quarta-feira, 11 de outubro de 2017

OLHAR AS CAPAS


O Doido de Bergerac

Georges Simenon
Tradução: Mascarenhas Barreto
Capa: Lima de Freitas
Colecção Vampiro nº 117
Livro do Brasil, Lisboa s/d

De novo, volta ao compartimento e é vencido por essa sonilência que lhe desperta ideais e sensações estranhas.
Sente-se separado do resto do mundo. O ambiente traduz-se por uma atmosfera de pesadelo.
O homem do beliche de cima ter-se-á erguido sobre os cotovelos, ter-se-á inclinado para o ver?
Em contrapartida, Maigret não tem coragem para esboçar um só gesto. A meia garrafa de Bordeaux e os dois bagaços, que bebeu na carruagem restaurante, pesam-lhe no estomago.
A noite é imensa. Nas paragens ouvem-se vozes confusas, passos nos corredores, portinholas que batem. Tem a impressão de que o comboio renunciou a partir.
O homem parece que chora. Há momentos em que para de respirar. Depois, de repente, funga. Volta-se. Assoa-se.
Maigret lamenta não ter ficado no seu compartimento de primeira, com o velho casal.
Adormece. Acorda. Adormece de novo. Enfim, já não podia mais. Tosse para aclarar a voz.
- O senhor, por favor, veja se consegue estar quieto um momento.

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