sábado, 7 de outubro de 2017

UM DITADOR TELEVISIVO


29 de Setembro de 1969

O último discurso de Marcello 8com dois ll) desceu aos abismos mais baixos dos sequazes salazarentos (palavra criada por Aquilino), ou aos marcelentos (palavra criada pelo Carlos de Oliveira).
Como é que um homem inteligente (quem não e inteligente?) pode descer a voragens tão analfabetas? Ouvi dizer a um professor de Direito que os actuais meios de informação e de contacto com o público podem substituir o Parlamento – magoa.
Na verdade hoje os governantes penetram sem cerimónia em todas as casas para convencer ou dar ordens aos cidadãos – espectadores passivos.
Mas o contrário?
Como é que os cidadãos respondem ou entram pela casa dentro dos governantes?
O Maecello é o tipo acabado do Ditador televisivo. Não precisa de partido basta-lhe ser imagem – para governar espectros.

José Gomes Ferreira em Livro das Insónias Sem Mestre VIII volume dos Dias Comuns.

Legenda: pormenor da capa do livro O Lugar do Televisor de Mário Castrim

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