Infuência do
meu avô paterno, que odiava os meses de Janeiro e Fevereiro – dizia ele:
«acabam-se as festas do Natal e ficamos nas sombras de dois meses de
tristeza-quase-trevas, restando-nos aguardar os primeiros salpicos da Primavera
que há-de chegar!» – sempre consegui ultrapassar esse sentimento depressivo, mas
este ano, vá lá saber-se porquê, fui-me deixando afundar.
Em todos os outros, e
são mesmo, muitos muitos, resolvia o problema
com alguns gins, muita música, os livros e os filmes do costume.
Mas de
repente, vi-me metido nesta quarentena-covid-19 em que alguém, a propósito do
escritor Rui Nunes, dizia que nos sentimos sitiados, que nos resta ouvir da boca
dos pardais as últimas que nos vão dando conta da inexistência de
Deus, ao mesmo tempo que Alexandre O’ Neill salta ao teclado do computador para
lembrar que o medo vai ter tudo e é isso
exactamente o que o medo quer.
Volto às
pedras do cais, olho este rio que é um mar, e será tempo de esquecer melodramas
e cenas melanco-apatetadas.
E a Primavera
vem aí, «bem na sinto», como escreveu Fialho d’Almeida em excerto que vão
encontrar em Olhar as Capas, livro que veio da biblioteca do meu pai, livros
velhos que, nestes dias sem palavras, andei folheando, ao mesmo tempo que lhes
espanejava o pó.
Legenda:
imagem de Mihai Criste
1 comentário:
Nenhum Governo de nenhum País do mundo estava preparado para uma Pandemia destas. Agora vai tentando minorizar o problema com medidas, algumas drásticas, mas que temos de compreender, O coronavirus mata mesmo. Temos que ter essa consciência.
Um feliz fim de semana
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