Continuam a
passar as horas em que não sabemos nada uns dos outros, ou sabemos assim, sem
qualquer ponta de gosto, a frieza de um qualquer telemóvel… e cada vez mais
andamos para dentro de nós…
Um dia,
quando Nuno Júdice regressou de uma viagem deu-nos a conhecer:
«Depois de algum tempo fora, abri o
correio
e tirei o mar de dentro da caixa. As algas
acumulavam-se por entre cartas e publicidade;
e uma onda rebentou nas minhas mãos quando
separei a água e o céu, e a linha do horizonte
me apareceu sob uma espuma de pássaros.»
e tirei o mar de dentro da caixa. As algas
acumulavam-se por entre cartas e publicidade;
e uma onda rebentou nas minhas mãos quando
separei a água e o céu, e a linha do horizonte
me apareceu sob uma espuma de pássaros.»
Tempo para
Nat King Cole cantar «Smile».
1.
Numa
entrevista por Skype, a uma televisão espanhola, o Papa Francisco deixou um
apelo às empresas, para não despedirem os seus trabalhadores.
O
Primeiro-ministro, ontem, em entrevista:
«Este não é o
momento para fazer despedimentos.»
O Diário
de Notícias on-line colocava, esta manhã, em título:
«Começou a onda de despedimentos, lay
offs, dispensas e férias forçadas.»
Assim como se não conhecêssemos, de, ginjeira, o nosso distinto patronato.
A
superficialidade, a ignorância, a incompetência, a maldade dos nossos
empresários, das nossos banqueiros, dos nossos directores disto daquilo e
daqueloutro, são de um tamanho sem
medida, e sempre foi uma mentira, de largos anos, em que tentaram fazer passar a mensagem de que
o pais não avançava porque os trabalhadores são de uma aflitiva miséria
laboral.
O céu há-de
castiga-los, como dizem todos aqueles que acreditam em Deus e não querem gastar
dinheiro com advogados.
2.
As Forças
Armadas espanholas localizaram vários idosos abandonados que viviam, lado a
lado, com cadáveres, em lares da terceira idade.
3.
O primeiro-ministro
japonês Shinzo Abe disse, esta terça-feira, que chegou a acordo com o
presidente do Comité Olímpico Internacional para adiar os Jogos Olímpicos por
um ano, devido à pandemia do novo coronavírus.
Os Jogos Olímpicos
de Tóquio tinham data de início para 24 de julho e iriam terminar a 9
de agosto.
4.
A cadeia de
supermercados Auchan vai entregar prémios de 20% do salário bruto de Março aos
funcionários em Portugal que continuem a trabalhar no âmbito da pandemia da covid-19.
5.
O sector do
turismo atravessa uma crise sem precedentes, e com o mundo envolvido num
combate sem data para terminar os efeitos de uma anunciada crise começam a
fazer-se sentir de forma cada vez mais real.
Diariamente o
sector tem vindo a perder cerca de um milhão de empregos.
6.
«Estamos exaustos e o medo tornou-se o
nosso companheiro», Antonio
Castelli, médico italiano.
7,
Estado paga
100 euros por teste da Covid-19 que pede aos privados.
Ah, sim! Os
privados!... Que seríamos nós, sem essa gentalha?
8.
Lembrei-me
hoje do meu querido amigo Eduardo Valente da Fonseca e daquele seu tão
interessante livro, «Os Criptogâmicos».
«Conheci seres enfadonhos, comi poeira
durante anos, assisti à florescência do bolor nas pestanas das pessoas, vi
sorrir milhares delas só com a boca e para meu espanto sobrevivi a tudo. Até
que um dia despertei voltado para a luz. E nesse momento descobri, com pavor, que
vocês não vivem, nem vegetam, nem nascem. Nem morrem. Lutaria milhares de anos
para vos ignorar, recomeçaria vezes sem conta a fugir para mil lados para vos
perder definitivamente de vista. Oh, sim, em nome das vossas vidas eu poderia
suicidar-me milhões de vezes. Lego-vos todo o bolor e todo o tédio com que,
minuciosamente, me quiseram matar. Diante de vós, fui e serei sempre o único
que sonhou com Deus».
9.
João Lopes,
no seu blogue Corvi-20:
«Há qualquer coisa de infinitamente
perverso na normalização da contagem diária que o coronavírus instalou no nosso
quotidiano: número de infectados, número de hospitalizados, número de mortos...
Perverso no sentido primordial da palavra: a perversidade como desvio a
uma norma. No limite, acomodamo-nos a esta nova aritmética, desviando-nos da
ideia segundo a qual o humano excede qualquer quantificação que o queira
integrar.
Reconhecê-lo não salva ninguém, como é óbvio; o certo é que, salvo melhor opinião, também não ameaça a vida seja de quem for. Resta saber se estamos a entrar numa nova cultura das quantidades, com vírus e para além do vírus.»
Reconhecê-lo não salva ninguém, como é óbvio; o certo é que, salvo melhor opinião, também não ameaça a vida seja de quem for. Resta saber se estamos a entrar numa nova cultura das quantidades, com vírus e para além do vírus.»
10.
A Alemanha
apresenta um elevado número de pessoas infectadas, mas a taxa de mortalidade é
muito baixa. As razões são básicas: a tempo precaveram-se e rodearam-se dos meios
necessários para não atingirem o inferno de milhares e milhares de mortos, como
em Itália, em Espanha.
A França
regista + de 1.100 mortes
A Itália
6.820 mortes
A Itália +
6.820 mortos
A Espanha
6.582 mortos
Portugal: 33
mortos
Em todo o
mundo já se registam 18.580 mortes.
11.
Todos
gostaríamos de, face a esta tragédia que se abateu sobre o mundo, que não
estivéssemos sujeitos a verdades inventadas.
Ao mesmo tempo… escrever
para suportar a angústia das noites.
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