sexta-feira, 20 de março de 2020

DIÁRIO DOS DIAS DIFÍCEIS


A Primavera apresentou-se hoje… mas com chuva.

E isso entristece ainda mais os já de si tão difíceis dias.

Voltaremos a passear nos jardins, voltaremos a sentar-nos nas esplanadas, voltaremos a sentir o silêncio das ruas dos bairros populares?

Chegou a Primavera, a Páscoa vem a caminho, pelo meio um qualquer puto há-de perguntar ao pai se vai haver Natal, depois os Santos Populares, os dias de Verão e de repente estamos à beira do Natal.

Será este o nosso caminhar pelos dias?

Poderemos então ouvir esta belíssima canção de um álbum dos Simon Garfunkel que tem tanto de bom como de mau. Velhas tricas de Garfunkel com Paul Simon que os foram cansando e levou ao fim de um duo que marcou, indelevelmente a música pop.


«Quando estiveres esgotado e te sentires insignificante
Quando tiveres lágrimas nos olhos, eu secar-tas-ei todas
Estarei a teu lado
Oh, quando os tempos estiverem difíceis
E não encontrares amigos,
Como uma ponte sobre águas agitadas
Eu me estenderei.
Como uma ponte sobre águas agitadas
Eu me estenderei.

Quando te sentires deprimido,
Quando andares perdido nas ruas,,
E a noite cair de repente,
Eu confortar-te-ei.
Estarei a teu lado.
Oh, quando chegar a escuridão
E a dor se espalhar à tua volta,
Como uma ponte sobre águas agitadas
Eu me estenderei.
Como uma ponte sobre águas agitadas
Eu me estenderei.

Navega, rapariga prateada,
Navega
Chegou a tua vez de brilhar.
Todos os teus sonhos vêm a caminho.
Vê como brilham.
Oh, se precisares de uma amigo
Eu navego mesmo atrás de ti.
Como uma ponte sobre águas agitadas
Serei o teu apoio.»

(Tradução de Ana Sousa Leal)

1.

Catarina Pires escreveu, hoje, estas palavras no Diário de Notícias:

«Morreu um amigo e não nos podemos abraçar.
Ele quereria risos mais do que choros. Beijos e abraços. Copos. A celebração da vida e os amigos, que são muitos, todos juntos nela. Mas os tempos que vivemos, fechados em casa, proibidos de tocar, beijar, abraçar, obrigam-nos a adiar um até amanhã como deveria ser. Que adeus é possível nestes tempos de Covid-19?»

2.
O Grupo Jerónimo Martins apresentou lucros de 433 milhões de euros no fecho das suas contas referentes a 2019.

3.

Maioria das multas aplicadas a banqueiros fica por pagar.

4.

O lucro da Galp em 2019 foi de 560 milhões de euros.

5.

Título de um artigo (não lido) de Teresa de Sousa no Público:

«São as grandes crises que fazem os grandes líderes».

Suponho que Marcelo Rebelo de Sousa não esteja no barco.

Rodrigo Alves Taxa, jurista, escreve no jornal «I» algo parecido:

 «Os grandes e verdadeiros líderes revelam-se nos momentos de aflição, de aperto e de medo».

Mas aqui sei que fala do Presidente da República:

«Marcelo Rebelo de Sousa é politicamente, repito, politicamente, uma fraude. Uma fraude. (Pese embora eu próprio nele tenha votado para a Presidência, o que, na verdade, ainda me legitima mais a escrever o que escrevo.) Toda a postura de Marcelo Rebelo de Sousa quanto à covid-19 foi verdadeiramente inaceitável e ridícula. Diria mesmo inenarrável. Um líder, um verdadeiro líder, não pode abandonar o povo e enclausurar-se no seu castelo de cristal como fez Marcelo. Perguntar-me-ão: mas não é normal o Presidente ter medo do coronavírus? Claro que é. Eu também tenho. Por mim, pela minha família, pelos meus amigos, por todos nós. Perguntar-me-ão ainda: mas o Presidente não deveria ter ido fazer o teste? Obviamente que devia.»

6.

Por tempo indeterminado a programação da Antena 2 está sujeita a um plano de contingência, assim como na maioria das estações de Rádio nacionais.

7.

Um homem, com cerca de 50 anos, matou a tiro a mulher e de seguida tentou suicidar-se. O crime ocorreu em Nogueira do Cravo, concelho de Oliveira do Hospital. Segundo os jornais apuraram, o homem é motorista de mercadorias e o casal tinha já um historial de violência doméstica há vários anos.

8.

Dir-me-ão que não é o livro mais indicado para os dias que correm: Ensaio Sobre a Cegueira de José Saramago.

Talvez seja verdade, é um livro de leitura muito incómoda, mas é um livro impressionante


«Estamos cada vez mais cegos porque cada vez menos queremos ver.»

Foi isso que nos aconteceu.

Não quisemos saber do meio ambiente, outras coisas assobiámos para o lado ante todos os avisos que pessoas responsáveis foram declarando.

O raio de um vírus colocou-nos, agora, em sentido e obrigou-nos a uma descida aos infernos.

«Haverá um governo, disse o primeiro cego. Não creio, mas no caso de o haver, será um governo de cegos a quererem governar cegos, isto é, o nada a pretender organizar o nada, Então não há futuro, disse o velho da venda preta, Não sei se haverá futuro, do que agora se trata é de saber como poderemos viver neste presente, Sem futuro, o presente não serve para nada, é como se não existisse, Pode ser que a humanidade venha a conseguir viver sem olhos, mas então deixará de ser humanidade, o resultado está à vista, qual de nós se considera ainda tão humano como antes cria ser.»

9.

Em Portugal há 1020 casos confirmados e 6 mortes.

A Itália ultrapassou a China em número de mortes: 3.405.

A Espanha tem um registo de  2.200 mortes.

No mundo há 272.042 casos confirmados e 11.299 mortes.

10.

Há pouco, nova declaração de António Costa ao país.

«Vai ser um trimestre muito duro!».

Medidas concretas ainda a conta-gotas.

O executivo trabalhará durante o fim-de-semana para trabalhadores e empresas ficarem saber com o que podem contar.

Chegou a Primavera, mas com ela também chegou a chuva.

Continuaremos a ficar em casa.

«A primeira regra é não embirrarmos uns com os outros», disse o médico Constantino Sakellarides.

1 comentário:

" R y k @ r d o " disse...

Olá, bom dia:- Tudo tem um princípio e um fim. Pode é fazer sofrer muito antes que acabe conforme é o caso de agora do coronavírus.
.
Cuide-se. Proteja-se. Saudações amigas
.
^^^ Unidos pelo coração, separados pela razão ( Poetizando e Encantando Especial ) ^^^