Acabar mais um
dia difícil, com flores.
Alguém perguntou,
mas não vi das razões por que isso aconteceu: fecharam as lojas de floristas.
Deve haver
mesmo uma razão.
O Dinis Machado
chamava a Neil Diamond o cantor do casaquinho azul.
Há uns bons
anos atrás, fez um dueto com Barbra Streisand, queixavam-se ambos que já
ninguém lhes levava flores, nem cantavam canções de amor, ensinaram tudo um ao
outro, excepto o dizer adeus.
Ney
Matogrossso, em tempo de Secos e Molhados, questionava-se sobre o fim
que todas as flores levaram, essas mesmas flores que, por vezes, a criança
pedia.
Ainda sobre
flores, algo mais concreto, com outros respeitos e fins, composta por Pete
Seeger.
A mesma pergunta para onde foram as flores, mas também pelos rapazes
que andaram a combater por campos de batalha.
Aprendemos alguma coisa?
«Where have
all the soldiers gone?
Long time passing
Where have all the soldiers gone?
Long time ago
Where have all the soldiers gone?
Gone to graveyards every one
When will they ever learn?
When will they ever learn?
Long time passing
Where have all the soldiers gone?
Long time ago
Where have all the soldiers gone?
Gone to graveyards every one
When will they ever learn?
When will they ever learn?
Where have
all the graveyards gone?
Long time passing
Where have all the graveyards gone?
Long time ago
Where have all the graveyards gone?
Gone with flowers every one
When will they ever learn?
When will they ever learn?»
Long time passing
Where have all the graveyards gone?
Long time ago
Where have all the graveyards gone?
Gone with flowers every one
When will they ever learn?
When will they ever learn?»
Dessa canção,
ficamos com a soberba interpretação de Marlene Dietrich.
1.
A Organização
Mundial de Saúde alertou para o facto de os Estados Unidos correrem o risco de
se tornarem o novo epicentro da pandemia de Covid-19. Em causa está o rápido
aumento do número de infetados no país, particularmente em Nova Iorque, com 25
mil infectados.
Como o tarado
Trump disse ao povo que era possível combater o vírus sem ficar em casa, milhares
de novaiorquinos zarparam para o sol da Flórida… levando o vírus com eles.
2.
Governador do
Texas: «Idosos devem ser voluntários para morrer para salvar a
economia/ De acordo com Dan Patrick "muitos avós" estão
dispostos a sacrificar-se pela causa.»
O Vitor Dias
de O Tempo das Cerejas, onde li
tal disparate, conclui:
«Estes Republicanos dos EUA
conseguem sempre superar as nossas expectativas. A única conclusão razoável é
que, antes do COVID-19, já estavam muito doentes da moleirinha.»
3.
Aos poucos
vamos sabendo das condições em que se encontravam os idosos nos lares
que as autoridades, apesar das muitas queixas, foram deixando abrir por todo o
país.
Na maior
parte, mensalidades pornográficas, mas condições miseráveis.
Todos nós
sabíamos que era assim.
Nada se fez.
Uma avalanche
de incompetentes, corruptos, oportunistas, andou envolvida neste carrossel das
negociatas dos lares de Terceira Idade.
Não lhes irá acontecer nada!
4.
Isabel Jonet, autoproclamada presidente da Federação dos Bancos Alimentares, diz que a fome está a voltar e que a pandemia levou instituições sociais a fechar portas, o que deixou muitas pessoas desprotegidas.
O jornal «I»
que a entrevistou, diz que a dita é «uma mulher de fé» e por isso não
considera qualquer cenário de rutura do Banco Alimentar: «Não acredito que,
havendo necessidade de ajuda, essa ajuda não chegue».
Em qualquer
tempo, mas nunca neste que agora vamos vivendo, não necessitamos, mesmo nada,
que determinados personagens apareçam pelos jornais, pelas televisões a dar
palpites.
5.
A Portway
Handling de Portugal, alega que, devido à quebra na actividade da aviação e
turismo, não consegue renovar os contratos cujo prazo termina nas próximas
semanas.
6.
Mário
Centeno, hoje: «O país nunca esteve tão bem preparado para uma crise como
esta» e o Governo fará tudo para «restaurar a confiança e regressar à
normalidade».
Depois
ouvimos as associações patronais e sindicais, após reunião, dizer que as medidas
adoptadas pelo governo, não chegam a nada, mesmo nada.
Não joga a
bota com a perdigota.
Para
acompanhar, atentamente.
7.
Os números
negros.
Óbitos no
mundo: 20.912
Itália: 7.503
Espanha: 3.434
Portugal: 43
10.
Termino com
João Lopes, no seu Covid-20:
«Não apenas pensar a política, mas
pensar politicamente — o voto de Godard adquire renovada e
perturbante actualidade. Quando penso, qual o compromisso que assumo com os
outros? Ao assumi-lo, como defino a dimensão política da minha própria
história? E o que é isso de ter uma história particular no interior da história
mais geral da comunidade?
Assim: "Penso que somos
responsáveis pelos nosso actos. Somos livres. Levanto a minha mão — sou
responsável. Viro a minha cabeça para a direita — sou responsável. Sou infeliz
— sou responsável. Fumo um cigarro — sou responsável. Fecho os olhos — sou
responsável. Esqueço que sou responsável, mas sou." (Nana/Anna
Karina, Viver a sua Vida, 1962).»
Legenda: pintura de Edouard Manet
Legenda: pintura de Edouard Manet
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