segunda-feira, 30 de março de 2020

DIÁRIO DOS DIAS DIFÍCEIS


No meio de todo este turbilhão, começo a sentir dificuldades em separar as águas.

Estou mais que chateado…

O José Cardoso Pires, quando estava chateado, dizia: «a culpa é dos padres!»

A música de hoje é um delicioso divertimento tirado de um disco que é uma compilação de trabalhos de uma escola criada por por Carl Orff e Gunnild Keetman.

Um tal de Gin-tonic, conta a história desse disco num texto publicado, há uns anos, no blogue IÉ-IÉ de Luís Pinheiro.

A historinha pode ser lida, já a seguir em RELACIONADOS.


A imagem no topo do texto é uma pintura de Edward Hopper.



1.

A gentalha de direita continua a bater no governo.

Vejo agora mais televisão do que antes da quarentena.

Há canais que não frequento e a SIC vou já largar da mão.

Tem por lá um rapaz, que dá pelo nome Bernardo Ferrão que alegremente disse – não ouvi! - «Ninguém vai escapar ao contágio».

O governo tem os seus erros – quem os não teria? –, as suas limitações, mas confiemos que possa levar  a nau a porto calmo.

Entre a tal gentalha da direita, todos se acham que podem ser primeiros-ministros, mas todos fogem de ser administradores do condomínio lá do prédio.

2.

Há muitos anos, nas paredes da Tasquinha do Aires, na Trafaria, por entre capas de discos, coisas diversas, podia ler-se num azulejo:

«Coma e beba porque vai passar muito tempo morto.»

3.

Um anónimo deixou este comentário no blogue de Maria do Rosário Pedreira:

«Eu estou de quarentena há muitos anos, encerrado em casa há muito tempo - excepto aos sábados, em que costumava dar uma volta -, pelo que não estranho muito. O tempo nunca me chega para os discos que tenho para ouvir, os livros que tenho para ler... 24 horas é poucochinho. E ainda preciso de dormir, imaginem a perda de tempo! Sempre me aborreci mais na rua do que em casa. Somos todos diferentes.
Para dar um toque intelectual ao meu comentário cito T. S. Eliot: "a espécie humana não pode suportar muita realidade".»

4.

Uma turba de gente, durante o fim-de-semana, foi barrada na Ponte 25 de Abril.
Muitos, apenas queriam ir à praia em pleno estado de emergência.

5.

A CGTP denunciou 1.600 despedimentos em cantinas escolares e em empresas portuguesas do setor do calçado, têxtil e indústria automóvel, alertando para os abusos laborais que decorrem da crise económica provocada pelo surto do novo coronavírus.


6.

Os números negros:

Itália

11.591 mortes

 Espanha

7.340 mortes

China

3.186 mortes

França

3.024  mortes

Irão

2.757 mortes

Grã-Bretanha

1.408 mortes

Portugal

140 mortes

No Mundo

37.140 mortes

7.

José Saramago escreveu um dia que o universo não tem notícia da nossa existência.

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