Como se vivem estes
dias difíceis?
Não sei.
Ando para aqui a
apanhar papéis, pedaços de livros, músicas, rasgos de quotidianos, sei lá que
mais.
As palavras já não me
saltam para exprimir o que quero dizer…
Alguma coisa se
passa.
Raios parta o Covid-19!
Vou juntar todos os
pedaços e, ao terminar do dia, coloco-os aqui.
A primeira canção é a
do Chico Buarque de Holanda do álbum Construção
em que ele nos diz para fazer tudo como se fosse a última vez …
Que seja!
1.
Numa das mais famosas
passagens de Tanta Gente Mariana de Maria
Judite Carvalho, pode ler-se: «Todos estamos sozinhos, Mariana. Sozinhos e
muita gente à nossa volta. Tanta gente, Mariana. E ninguém vai fazer nada por
nós.»
Alexandre O’ Neill
entendia que a solidão procurada é boa, a não procurada é muito chata.
Inauguramos a solidão
quando nascemos?
«… estava isolado e quem está isolado está perdido.»
Será?
2.
O escritor Mário de
Carvalho disse um dia que «a maior
alegria que me podiam dar era proibir a porcaria do jogo da bola e meter na
cadeia essa pardalada.»
O senhor Pedro
Proença, presidente da Liga de Futebol, não gostou de ouvir o primeiro-ministro
António Costa dizer que o futebol não é prioridade nas ajudas económicas que o
governo poderá disponibilizar perante o cenário de pandemia que vivemos.
«Essas declarações do primeiro-ministro espantaram-me, no mínimo. Terão
sido inapropriadas e inadequadas face ao momento. O futebol não é um mundo à
parte, tem de ser tratado como o turismo, a distribuição ou a cultura.»
Há muito que o estado
devia ter posto esta malta do futebol no seu devido lugar. Talvez ainda se vá a
tempo… talvez…
Digo que gosto muito
do futebol jogado mas dispenso os trolhas-dirigentes, toda a corrupção que
envolve o futebol.
Quando era puto os
velhos diziam: «não há dinheiro, não há
palhaços!»
Se eu mandasse, não
viam um cêntimo.
O ambiente que rodeia
o futebol, nos dias de hoje, é extremamente triste.
3.
Obrigados a
permanecer em casa devido às medidas de prevenção impostas face à ameaça do
COVID-19, as pessoas começam a sentir os mais diversos tipo de dificuldades.
Um cidadão espanhol,
na comunidade de Castela e Leão, foi surpreendido pela polícia, na rua a
passear um cão de peluche.
Segundo as medidas
aplicadas pelo governo espanhol só podem sair à rua para: ir à farmácia, ao
médico, ao hospital , ao supermercado para comprar apenas bens estritamente de
primeira necessidade.
4.
Um livro para estes
dias: A Peste de Albert Camus.
«Visto que a ordem é regulada pela morte, talvez valha mais para Deus
que não acreditamos nele e que lutemos com todas as nossas forças contra a
morte, sem erguer os olhos para o céu onde ele se cala.»
Camus conta a
história do eclodir de uma epidemia numa cidade. Rieux, um dos médicos, combate
a doença até ao momento, após muitas mortes, em que ela fica controlada, mesmo
sabendo-se que algumas das vitórias serão sempre provisórias. Ao longo das
páginas Camus mostra-nos a reacção da população que vai da apatia à acção, os
riscos que correm.
5.
Daqui a instantes,
vigorará o estado de emergência decretado pelo Presidente da República, aceite
pelo governo e aprovado pela Assembleia da República.
O leigo que sou na matéria, não me permite uma opinião clara.
Mas sempre direi que talvez não houvesse necessidade de chegarmos onde o presidente, e uma falange histérica, nos colocou.
O leigo que sou na matéria, não me permite uma opinião clara.
Mas sempre direi que talvez não houvesse necessidade de chegarmos onde o presidente, e uma falange histérica, nos colocou.
As regras terão de
ser muito claras e ninguém pode mentir a ninguém.
Será que é assim que
vai conhecer?
1 comentário:
1 - SOLIDÃO é viver num andar de um prédio com 80 vizinhos por baixo e por cima e não viver sozinho, por exemplo, num monte alentejano!
2 - Pedro Proença - basta olhar para a figura deste empresário empreendedor, onde nem o gel falta, para se ver a proveniência deste filho da Sicília...não poderiam ter arranjado melhor Padrinho!
4 - PESTE - Mesmo sendo (ou talvez por isso) um GRANDE livro lê-se num instante.
5 - ninguém pode mentir a ninguém..." ; Ó Sammy mas o meu amigo ainda acredita em virgens?
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