Cantarão os galos, quando morrermos,
e uma brisa leve, de mãos delicadas,
tocará nas franjas, nas sedas
mortuárias.
e uma brisa leve, de mãos delicadas,
tocará nas franjas, nas sedas
mortuárias.
E o sono da noite irá transpirando
sobre as claras vidraças.
sobre as claras vidraças.
E os grilos, ao longe, serrarão
silêncios,
talos de cristal, frios, longos ermos,
e o enorme aroma das árvores.
talos de cristal, frios, longos ermos,
e o enorme aroma das árvores.
Ah, que doce lua verá nossa calma
face ainda mais calma que o seu grande espelho
de prata!
face ainda mais calma que o seu grande espelho
de prata!
Que frescura espessa em nossos cabelos,
livres como os campos pela madrugada!
livres como os campos pela madrugada!
Na névoa da aurora,
a última estrela
subirá pálida.
a última estrela
subirá pálida.
Que grande sossego, sem falas humanas,
sem o lábio dos rostos de lobo,
sem ódio, sem amor, sem nada!
sem o lábio dos rostos de lobo,
sem ódio, sem amor, sem nada!
Como escuros profetas perdidos,
conversarão apenas os cães, pelas várzeas.
Fortes perguntas. Vastas pausas.
conversarão apenas os cães, pelas várzeas.
Fortes perguntas. Vastas pausas.
Nós estaremos na morte
com aquele suave contorno
de uma concha dentro d’ água.
com aquele suave contorno
de uma concha dentro d’ água.
Cecília
Meireles em Antologia Poética
Sem comentários:
Enviar um comentário