Para
assinalar os 10
anos do CAIS DO OLHAR, os fins-de-semana estão guardados para lembrar
alguns textos que por aqui foram publicados.
NUNCA CAMINHARÃO
SOZINHOS
Foram os
ingleses que inventaram o futebol, têm um enorme respeito por ele e chamam-lhe
«The Beautiful Game.»
Vivem o jogo
como ninguém.
Deslocam-se,
enchem os estádios.
Avós, pais,
filhos, netos, bisnetos: a família.
A festa.
Nem em tempo
de Natal o dispensam.
Bem pelo
contrário: exigem que haja jogos nesses dias.
Nos dias de
transmissão do futebol inglês, quando as câmaras focam as bancadas, vêem-se
espectadores das mais variadas idades. Por vezes, parece que toda uma família,
do mais novo ao mais velho, foram ao futebol.
Uma das
claques mais conhecidas, no Reino Unido, é a do Liverpool.
Tomaram como
hino You’ll
Necer Walk Alone, uma canção composta por Richard
Rodgers e Oscar Hammerstein II para o musical da Broadway Carousel, de 1945
e que, em 1956, foi adaptado ao cinema por Henry King.
Mas seria com
a versão de Gerry &The Pacemaker, conjunto oriundo da própria cidade, que a
canção se tornaria o hino do clube.
Hoje, outros
clubes, em outros países, o adoptaram como hino, mas nada como em Anfield Road.
Simplesmente
arrepiante.
Uma visita ao
You Tube permite ficarmos a saber dos grandes nomes da música norte-americana,
bem como outros, que gravaram You'll
Never Walk Alone.
Shirley Jones gravou-a para a banda sonora de Carousel, mas há
versões de Ella Fitzgerald, Ray Charles, Aretha Franklin, Mahalia Jackson, Nina
Simone, Louis Armstrong, Elvis Presley, Barbra Streisand, Andy Williams, Judy
Garland, Frank Sinatra, Johnny Cash, Roy Orbinson, The Rigteous Brothers, Tom
Jones.
Também é
possível encontrar uma versão dos Beatles.
Estas são as
minhas escolhas.
A versão da
Nina Simone é tocada ao piano.
Numa
entrevista ao Expresso (06.02.2016), por ocasião dos 50 anos
dos Cinco Minutos de Jazz, perguntaram-lhe por um episódio
destes longuíssimos minutos de jazz, o José Duarte respondeu:
Fui a uma rádio em Los Angeles, que
passa jazz 24 horas por dia. O edifício era lindo, alto, todo em vidro. Era o
início dos anos 70, o João ainda era vivo. Eu tinha levado comigo uma cassete
da Nina Simone a tocar piano. O apresentador fez-me perguntas, estranhou onde
era Portugal, expliquei-lhe que se nadasse sempre em frente chegaria a Lisboa.
E quando lhe contei que tinha um programa de cinco minutos fechou o microfone,
pensava que eu me tinha enganado no inglês! No fim, pôs a minha cassete da Nina
Simone e ia caindo da cadeira: nunca a tinha ouvido só a tocar o piano. Saí
daquela rádio orgulhoso.
Um orgulho
tão grande que, certamente, no regresso a Lisboa, obrigaram o José Duarte a
pagar excesso de bagagem.
Texto publicado em 24 de Maio de 2016
Texto publicado em 24 de Maio de 2016
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