sábado, 28 de março de 2020

DIÁRIO DOS DIAS DIFÍCEIS


Quantos dias de reclusão caseira já carregamos nos ombros?

Estou perdido nestas contas e já me estão a dizer que esta madrugada muda a hora.

É impossível voltarmos a ser os mesmos!

Deixei de colocar aqui canções.

Um certo receio de que, dado os dias que estamos a viver, algumas escolhas não fossem entendidas.

Vou-me ficar por trechos de música clássica.

Começo pelo 2º andamento do Concerto nº 2 de Rachmaninoff.

Descobri Rachmaninoff já tarde.  

Muito tempo fiquei agarrado aos clássicos do meu pai e o Rachmaninoff não estava por lá, e se o meu pai gostava de concertos de piano e orquestra.

Já não estou em grandes condições de afirmar algumas coisas, mas penso ter lido num dos livros do Jorge Silva Melo que é um dos mais extraordinários concertos da música clássica.

A fotografia  que encima o texto, é do Luís Calisto.


1.

A Ordem dos Médicos está a preparar um parecer sobre a tomada de decisões clínicas num cenário em que a epidemia nacional de Covid-19 chegue a um ponto de limite de rutura dos meios disponíveis, nomeadamente no suporte em cuidados intensivos.

2.

Semana a semana o negócio do alojamento local afunda-se, lê-se no Público.

3.

«Estimamos que 2,5 milhões de plantas e flores estão a ir para o lixo porque a vendas estão estagnadas. Há mais de 15 dias que as encomendas foram quase todas canceladas, e as toneladas que tínhamos produzido são para deitar fora»,  Victor Araújo, presidente da Associação Portuguesa de Produtores de Plantas e Flores Naturais.


4.

José Pacheco Pereira no Público de hoje:

«Como é que uma pandemia, com um vírus de uma família conhecida, altamente contagioso mas relativamente moderado nos seus efeitos, e com uma taxa de mortalidade baixa em geral, provoca este verdadeiro cataclismo social e económico, com o encerramento de quase todas as actividades produtivas, as cidades vazias, os transportes parados, milhões de pessoas confinadas em casa?»
5.

Os números negros:

Itália

10.023 mortos

Espanha

5.826 mortos

China

3.177 mortes

Irão

2.517 mortes

França

1.019 mortes.

Portugal

100 mortes

No mundo

30.420 mortes


6.


Esta é a capa da revista The Economist da semana passada.

O mundo fechou.

Não se sabe se para balanço, se para fecho da actvidade.

Não temos no mundo políticos que nos possam ajudar.

Temos tecnologias adiantadíssimas, mas não temos gente que nos ensine, nos conduza, nos diga o trivial.

Deixámos que se perdessem valores, que se perdessem afectos, deixámo-nos espartilhar, dobrar, enterrar no lodo.

Em cada segundo, corremos o risco de deixar a vida.

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