No findar do
dia de hoje, fui no encalço de um muito velho recorte de um texto que o Mário
Castrim deixou numa das suas críticas de televisão que, diariamente, publicava
no Diário de Lisboa.
Contas muito
por alto, Mário Castrim, enquanto crítico, passou 70 mil horas frente ao
televisor.
Ainda morava
frente à estação da Carris, perto do Calvário, trabalhava noite dentro, deixava
a crítica no puxador da porta, ao lado do saco do pão, e era ali que o
motorista do Diário de Lisboa ia busca-la às 7 da manhã.
José Mário
Branco faz-nos hoje companhia: «Ser Solidário»
«Ser solidário assim p'ralém da vida
Por dentro da distância percorrida
Fazer de cada perda uma raiz
E improvavelmente ser feliz
De como aqui chegar não é mister
Contar o que já sabe quem souber
O estrume em que germina a ilusão
Fecundará por certo esta canção
Ser solidário, sim, por sobre a morte
Que depois dela só o tempo é forte
E a morte nunca o tempo a redime
Mas sim o amor dos homens que se exprime
De como aqui chegar não vale a pena
Já que a moral da história é tão pequena
Que nunca por vingança eu te daria
No ventre das canções sabedoria
Ser solidário assim pr'além da vida
Por dentro da distância percorrida
Fazer de cada perda uma raiz
E improvavelmente ser feliz
Ser solidário assim pr'além da vida
Por dentro da distância percorrida
Fazer de cada perda uma raiz
E improvavelmente ser feliz
De como aqui chegar não é mister
Contar o que já sabe quem souber
O estrume em que germina a ilusão
Fecundará por certo esta canção
Ser solidário, sim, por sobre a morte
Que depois dela só o tempo é forte
E a morte nunca o tempo a redime
Mas sim o amor dos homens que se exprime
De como aqui chegar não vale a pena
Já que a moral da história é tão pequena
Que nunca por vingança eu te daria
No ventre das canções sabedoria
Ser solidário assim pr'além da vida
Por dentro da distância percorrida
Fazer de cada perda uma raiz
E improvavelmente ser feliz»
1.
As
autoridades portuguesas iniciaram uma operação de repatriamento de mais de 1300
passageiros que chegaram, este domingo, a Lisboa num navio de cruzeiro, dos
quais 27 portugueses, no âmbito das medidas de combate à Covid-19.
2.
Um lar, numa
terra junto a Vila Nova de Famalicã, tem 33 utentes, 18 trabalhadores. Destes,
oito acusaram teste positivo de Covi-19. Os restantes encontram-se de
quarentena.
3.
Covid-19
mata, em média, 33 italianos a cada hora que passa.
Não se
realizam serviços funerários. São camiões militares que fazem o transporte dos
corpos que ficam em regime de espera.
Em Itália há
59.138 pessoas infectados e já se registaram 5.476 mortes.
4,
Notícias
provenientes de Madrid dão conta de que morre uma pessoa, vítima do Covi-19, de
15 em 15 minutos.
Os mais
velhos estão a ser privados de acesso a ventiladores.
A Espanha
regista 28.573 infectados e 1.725 mortos.
5.
Portugal
regista 1.600 pessoas infectadas e 14 mortos.
Já se
registaram 14.611 mortes em todo o mundo.
6.
De repente,
as cidades tornaram-se desertas, tornaram-se cidades fantasmas, cidades
invisíveis.
Italo Calvino
escreveu As Cidades Invisíveis e guardou para o seu final estas
palavras:
«Diz: - Tudo é inútil, se o último local
de desembarque tiver de ser a cidade infernal, e é lá no fundo que, numa
espiral cada vez mais apertada, nos chupar a corrente.
E Polo: - O inferno dos vivos não é uma
coisa que virá a existir; se houver um, é o que já está aqui, o inferno que
habitamos todos os dias, que nós formamos ao estarmos juntos. Há dois modos
para não o sofrermos. O primeiro torna-se fácil para muita gente: aceitar o
inferno e fazer parte dele a ponto de já não o vermos. O segundo é arriscado e
exige uma atenção e uma aprendizagem contínuas: tentar e saber reconhecer, no
meio do inferno, quem e o que não é inferno, e fazê-lo viver, e dar-lhe lugar.»
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