quinta-feira, 19 de março de 2020

NÃO HÁ MAIS NADA


Timidamente o sonho espreita.
Esqueço o meu corpo
e a dimensão de me encontrar
na terra estreita.

Estradas abertas, onde vão dar?
De madressilvas e rosas bravas
o cheiro ardente
são histórias verdes
que se entrelaçam
e sobrevoam
o sol poído de recordar.

Inverno, estio,
nova passagem outonal?
Já não importa.
Estradas, estradas
a algum lado hão-de levar
o meu cansaço.
Nem a dormir claro se mostra
o sonho.
Não me possui. Timidamente
é só aragem onde me deito.
Timidamente. Não há mais nada.


Legenda: fotografia Shorpy

1 comentário:

" R y k @ r d o " disse...

Bom dia:- E não é a própria vida uma estrada infinita?
Poema magistral
.
Votos de um dia de paz e amor