Começo de O Fogo e as Cinzas de Manuel da Fonseca:
«Antigamente o largo era o centro do mundo. Hoje é apenas um cruzamento de estradas, com casas em volta e uma rua que sobe para a Vila. O vento dá nas faias e a ramaria farfalha num suave gemido; o pó redemoínha e cai sobre o chão deserto. Ninguém. A vida mudou-se para o outro lado da Vila».
Terá sido o
primeiro livro que li de Manuel da Fonseca.
Todas as
leituras que, na adolescência, fiz dos livros da Biblioteca da Casa, foram, na sua
quase totalidade, pescaria à mão, à linha, feitas, sem qualquer indicação, sem
qualquer orientação. Claro que houve livros que abandonei por não entender
nada, por não encontrar um mínimo de chamamento. Deveria ter feito um registo dos
livros que abandonei. Tentei um dia fazer esse apanhado, mas perdi-me por
completo.
Claro que lendo Eça de Queiroz aos 14 anos, teria que a ele voltar. Sempre
Mas este
começo do livro não pode enganar ninguém, um começo que, quando o
releio, ainda, fortemente me comove.
«Ninguém. A vida mudou-se para o outro lado da Vila».
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