Este não é o dia seguinte do dia que foi ontem.
João Bénard da Costa
Será um desfilar de histórias, de opiniões, de
livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo
sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.
Deixamos, por agora, os urgentes trabalhos dos
Capitães, as viagens dos ainda ministros de Marcelo, e voltamos à música.
E voltamos com um dos grandes discos da música
portuguesa: as viagens de Fernão Mendes Pinto com letras e músicas de Fausto.
Duplo LP editado em 1982 pela Triângulo com Produção da Casa Sassetti – TR-002/3
FACE A
É O Mar Que Nos Chama (instrumental) - O Barco Vai De Saída - Porque Não Me Vês
- A Guerra É A Guerra - De Um Miserável Naufrágio Que Passámos
FACE B
Como um Sonho Acordado – A Ilha – A Voar Por Cima
das Águas – Olha o Fado
FACE C
Por Este Rio Acima - O Cortejo dos Penitentes - O Romance de Diogo Soares -
Navegar, Navegar
FACE D
O Que A Vida Me Deu - Lembra-me Um Sonho Lindo - Quando Às Vezes Ponho Diante dos Olhos
Arranjos: Eduardo Paes Mamede e Fausto
Orquestrações, direcçaõ musical: Eduardo Paes Mamede
Concepção de 2º violas Acústicas, Braguesa e
Cavaquinho: Júlio Pereira
Captação de som: José Fortes, Rui Novais e Luís
Flor
Fotografias: João Castel-Branco
Coros: Lena, Zélia, Isabel, Toinas, Pedro Casaes,
Ed e participação especial de Maria do Céu Guerra e outros actores de Teatro A
Barraca.
Capa de José Brandão.
Por este disco, eu que, nas velhas edições da Romano Torres, li Emílio Salgari, que li uma antologia da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, publicada pela Seara Nova, abalancei-me a outros voos: naus catrinetas, navegantes loucos, ilhas do tesouro, terras de pimenta e de todas as especiarias, como sonhos acordados e quem conquista sempre, rouba.
«O barco vai de saída, adeus ó cais de Alfama, meu amor adeus, tem cuidado se a dor é um espinho, por mais que seja santa, a guerra é a guerra, o escuro é muito grande, o tempo é mais frio, o mar é muito grosso, como se a terra corresse inteirinha atrás de mim, olhamos tudo em silêncio na linha da praia, vai de roda quem quiser e diga o que tem a dizer, e na verdade o que vos dói, é que não queremos ser heróis, a terra a navegar meu bem como eu vou por este rio acima, abranda Senhor a pena dos mortos, p’ra que te louvem com sono quieto, os anais do grande general chamado o «galego, o homem dos olhares fatais, navegar navegar ó minha cana verde, mergulhar no teu corpo entre quatro paredes, ó mar leva tudo o que a vida me deu, tudo aquilo que o tempo esqueceu, lembra-me um sonho lindo, quando ás vezes ponho diante dos olhos a lusitana viagem, medonha, que eu dobrei, os tormentos passados, e os fados que chorei.»
1 comentário:
FAUSTO - Por Este Rio Acima
Talvez o melhor disco de música portuguesa!
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