sexta-feira, 12 de abril de 2024

VIAGENS POR ABRIL


 

      Este não é o dia seguinte do dia que foi ontem.

                                              João Bénard da Costa

Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.

 

Deixamos, por agora, os urgentes trabalhos dos Capitães, as viagens dos ainda ministros de Marcelo, e voltamos à música.

E voltamos com um dos grandes discos da música portuguesa: as viagens de Fernão Mendes Pinto com letras e músicas de Fausto.

Duplo LP editado em 1982 pela Triângulo com Produção da Casa Sassetti – TR-002/3


FACE A

É O Mar Que Nos Chama (instrumental) - O Barco Vai De Saída - Porque Não Me Vês - A Guerra É A Guerra - De Um Miserável Naufrágio Que Passámos

FACE B

Como um Sonho Acordado – A Ilha – A Voar Por Cima das Águas – Olha o Fado

FACE C


Por Este Rio Acima - O Cortejo dos Penitentes - O Romance de Diogo Soares - Navegar, Navegar

FACE D

O Que A Vida Me Deu - Lembra-me Um Sonho Lindo - Quando Às Vezes Ponho Diante dos Olhos


Arranjos: Eduardo Paes Mamede e Fausto

Orquestrações, direcçaõ musical: Eduardo Paes Mamede

Concepção de 2º violas Acústicas, Braguesa e Cavaquinho: Júlio Pereira

Captação de som: José Fortes, Rui Novais e Luís Flor

Fotografias: João Castel-Branco

Coros: Lena, Zélia, Isabel, Toinas, Pedro Casaes, Ed e participação especial de Maria do Céu Guerra e outros actores de Teatro A Barraca.

Capa de José Brandão.

Por este disco, eu que, nas velhas edições da Romano Torres, li Emílio Salgari, que li uma antologia da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, publicada pela Seara Nova, abalancei-me a outros voos: naus catrinetas, navegantes loucos, ilhas do tesouro, terras de pimenta e de todas as especiarias, como sonhos acordados e  quem  conquista sempre, rouba.

«O barco vai de saída, adeus ó cais de Alfama, meu amor adeus, tem cuidado se a dor é um espinho, por mais que seja santa, a guerra é a guerra, o escuro é muito grande, o tempo é mais frio, o mar é muito grosso, como se a terra corresse inteirinha atrás de mim, olhamos tudo em silêncio na linha da praia, vai de roda quem quiser e diga o que tem a dizer, e na verdade o que vos dói, é que não queremos ser heróis, a terra a navegar meu bem como eu vou por este rio acima, abranda Senhor a pena dos mortos, p’ra que te louvem com sono quieto, os anais do grande general chamado o «galego, o homem dos olhares fatais, navegar navegar ó minha cana verde, mergulhar no teu corpo entre quatro paredes, ó mar leva tudo o que a vida me deu, tudo aquilo que o tempo esqueceu, lembra-me um sonho lindo, quando ás vezes ponho diante dos olhos a lusitana viagem, medonha, que eu dobrei, os tormentos passados,  e os fados que chorei.»

1 comentário:

Seve disse...

FAUSTO - Por Este Rio Acima

Talvez o melhor disco de música portuguesa!