Gostei de um certo Fernando Namora que escreveu «Minas de S. Francisco», «A Casa da Malta», «O Trigo e o Joio», «Retalhos da Vida de um Médico», lidos na adolescência.
Quando em 1959 li «O Homem Disfarçado» tirei
a conclusão de que Fernando Namora começa a inventar literatura e disse a mim
mesmo que não o leria mais.
Mas em 1972 publicou «Os Clandestinos»,
livro oferecido por um Natal. Voltei a não gostar.
Em 1980 publicou «Resposta a Matilde» e,
como não aprecio coisas definitivas, comprei o livro. Decididamente, ali
acabou, para sempre, o meu caminhar com Fernando Namora. O livro está bem
escrito, outra coisa não seria de esperar. Namora era um escritor com tarimba
feita, alinhando um português asseado. Do mesmo modo se poderia dizer que os
americanos não sabem fazer maus filmes. O pior é o resto…
Ainda em vida, Namora disse numa entrevista:
«De
há muito que, como escritor, me tenho medido entre a pertinácia em prosseguir e
a sedução de renunciar. Esse enfrentamento reaviva-se periodicamente.»
Devemos sempre ligar ao que dizemos a nós próprios
e, muito mais, o que dizemos aos outros.
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